O que é a representação? Sem dúvida uma palavra grande, muitos diriam difícil, mas não é bem assim, ao menos quando se olha com calma o mundo concreto, o cotidiano, além das pessoas envolvidas. Apesar do tamanho, essa palavra reflete uma ideia muito simples e prática. A representação nada mais é do que um meio, um ponto de contato entre o individuo e o seu entorno, sendo também um jeito alternativo de usar a linguagem, não mais de forma particular como antes, não apenas como um instrumento pontual, restrito. A representação, principalmente a estudantil, é essa ponte rumo a uma realidade coletiva, concreta, compartilhada. Por isso ela não é um simples conceito, mas uma ferramenta prática, usada no cotidiano, nas aulas, nos corredores, nos refeitórios, nos estacionamentos. Não existe nada de abstrato nessa palavra, e sim uma pura materialidade, um encontro de corpos, de experiências.
Claro que os rumos da representação incluem pedras no caminho, alguns desafios, não sendo, nem de longe, um conto de fada. É preciso sempre cuidado, investimento, parceria, além da capacidade de ouvir o outro, filtrar informações, e principalmente a capacidade de criticar o que for necessário. A representação não é apenas um esforço coletivo, envolvendo pessoas, mas é também um esforço contínuo, um processo inscrito no tempo. O representante não é uma célula autônoma, solta, decidindo tudo de forma arbitrária, do modo que achar melhor. O representante faz parte de um núcleo de decisões, um grupo articulado que da suporte ao que é dito e feito. Por trás de sua pessoa, da sua imagem, existe uma rede de relações, de encontros, além de um conjunto de práticas e discursos concretos. É preciso que esse representante nunca perca essa base material, nunca ganhe uma “autonomia mágica”, simplesmente saindo por aí. Ele (a) só existe enquanto outros existem com ele (a), enquanto um vínculo que conecta toda uma comunidade estudantil.
Chega daquele sofrimento privado, daquela queixa dispersa, ou mesmo daquele choro contido. Através da representação, é possível fazer com que tudo isso ganhe agora um outro nível, mobilizando mais gente, mais recurso, além de gerar efeitos maiores, numa proporção jamais imaginada antes. Esse salto mais coletivo não se dá através de um conceito, de uma ideia, de uma teoria, mas de algo mais mundano, algo mais próximo da experiencia. É o corpo esse critério, esse ponto de contato, aquilo que conecta todos sem restrição. Esse corpo que sangra, que chora, que ri, não é um suporte privado, uma caverna individual, muito pelo contrário. Ele nada mais é do que o espaço de convergência das frustrações, dos medos, dos riscos, ou seja, do absurdo.
Na esperança de entender os bastidores políticos dos últimos tempos, e os bastidores da própria UFBA, em particular, teorias não ajudam, muito menos partidos políticos, sindicatos, etc. Existe algo além disso tudo, algo que conecta a todos frente a circunstancias de puro absurdo. Esquerdas tão diferentes, até mesmo rivais, passaram a se unir nos últimos dois anos, e não graças a abstrações, conceitos, autores, justificativas. Algo mais existe aqui, algo que conecta olhares tão diferentes sobre o mundo. E esse algo é justamente o corpo, a experiencia mais imediata no mundo, aquilo que envolve o grotesco, o feio, o caos... o ABSURDO!!!
Depois de 2016, com todo aquele efeito colateral desagradável, mais do que nunca foi necessário revitalizar o sentido de representação, além do próprio significado em torno da palavra “universidade”. Seja pensando em um nível micro, com os cortes de bolsa, ou macro, com todo o desmanche do aparato universitário, o que existe aqui é um problemão, um obstáculo incapaz de ser superado por apenas um de nós, ou mesmo por algum punhado de gente. O desafio demanda algo mais, algo mais intenso, mais organizado, algo que ofereça uma resistência á altura, sem recuo, sem imprudência. É preciso um esforço direcionado, sempre com cautela, sem perder a energia e o compromisso com aquilo que temos de mais precioso: o futuro, o NOSSO futuro.
Enfim, não podemos sozinhos, já que é impossível uma caminhada solta, isolada. É preciso que o “EU” passe por uma mudança drástica, ganhe novos contornos e alcance a possibilidade de se transformar em outra coisa, em um “NÓS”, uma célula coletiva, organizada e bem distribuída. Sem você, sem sua ajuda, somos só palavras em uma tela, circulando por centenas e centenas de computadores sem destino, em um espaço de pura abstração. Com você, ao contrário, somos mais, somos prática, somos ação, somos movimento... SOMOS UFBA!!!!!!!!!!!!!!!!
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