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Sarah Ferraz

Onde estará a tal da felicidade?


Em tempos de tantas buscas, anseios, metas, acredito que o objeto de maior desejo do ser humano ainda tange no que diz respeito à felicidade.

Vivemos correndo atrás dela como um hamster correndo numa roda giratória sem fim.

Hoje, com o uso massivo das redes sociais, isso se tornou até uma obrigação: “Você precisa estar feliz; Mostre o seu melhor lado, o feliz, é claro! Quem quer ver realidade, tristeza, chateação, irritação, medo? Ninguém.”

Só que, caro leitor, nós somos feitos disso tudo, afinal somos um misto de emoções, somos altos e baixos - uma montanha russa, eu diria. E a alegria, que é colocada como sinônimo de felicidade, nem sempre vai ser a protagonista do dia.


Inclusive, é importante que se saiba que as outras emoções, ditas como negativas (prefiro chamá-las de desagradáveis), são super úteis, para nós seres humanos. Sem elas, não sobreviveríamos. Poderia divagar sobre uma infinidade delas aqui e isso daria outro rumo ao mesmo texto, por isso trarei apenas o exemplo da tristeza.

Ninguém que estar triste, isso é fato. Observe que eu disse estar triste e não ser triste, isto porque, outra coisa fundamental neste cenário, é ter em mente que não somos nossas emoções, elas passarão por nós e em determinado momento irão embora. Por isso estamos e não somos tristes.

Enfim, como estava refletindo, não gostamos da companhia da tristeza, ela traz incômodo, nos deixa desanimados, mexe com nosso apetite, sono, relações e autoestima. Mas você sabia que a temida tristeza pode ser bastante útil para termos uma vida mais feliz?

Isto acontece porque, quando estamos tristes, nosso emocional está sinalizando de que algo não vai bem, tem alguma coisa em que precisamos prestar atenção, perceber, observar. Se estivermos atentos à nossa emoção e tentarmos entender o porquê de nossa tristeza naquele momento, será muito mais fácil que não fiquemos pra baixo durante tanto tempo.

Portanto, entrar em contato com sua tristeza e possíveis causas, ao invés de tentar evitá-la ou atacá-la, é um caminho para conseguir estar feliz novamente. Resumindo: a tristeza tem a função de nos mostrar que algo em nosso interior necessita de cuidados, que precisamos nos voltar para nós mesmos. Quanto mais você tiver essa percepção e tentar entender a tristeza, mais você terá chances de ficar feliz novamente. Parece contraditório, mas é exatamente desta forma que ocorre.

Todavia, vamos voltar ao tema principal. Como se pode alcançar a Felicidade? Ganhando mais dinheiro? Obtendo um relacionamento? Formando uma família? Estabelecendo uma carreira? Talvez você acredite que um destes degraus te levarão a ela ou, quem sabe, a soma de todos eles.

Vamos examiná-los, começando pelo caminho financeiro, afinal, como tantos dizem: “dinheiro não traz felicidade, mas compra coisas que trazem”. Economistas descobriram que quanto mais se ganha, mais se tem satisfação com a vida. Porém, o nível de felicidade não aumenta proporcionalmente ao ganho financeiro, o que quer dizer que ele vai até um certo ponto e estagna. Então, mesmo que você ganhei muito mais dinheiro, sua felicidade será limitada, não continuará aumentando.

No caso de ter um relacionamento como fonte de felicidade, as pesquisas mostram que realmente as pessoas casadas podem ser mais felizes que as solteiras, inclusive têm menos chances de desenvolver uma depressão (principalmente os homens, quer acreditem ou não). No entanto, isso depende da qualidade do seu casamento ou relacionamento, pois se este for desagradável, terá o efeito contrário, haja vista o chavão antes só que mal acompanhado. Não é o simples fato de estar com alguém que provoca a felicidade, mas se a relação é benéfica e satisfatória para ambos os envolvidos, e eu disse ambos.

Vamos então aos filhos? Será que ter filhos é motivo de felicidade? Neste caso, pesquisadores obtiveram resultados controversos. Segundo eles, casais com filhos são menos felizes, principalmente os que têm filhos pequenos. Isso seria devido à preocupação constante com os pequenos. Por outro lado, os momentos felizes aumentariam, quando estamos ao lado dos nossos filhos. Contraditório, não?

Sobrou o trabalho. Segundo Tolstói, a condição essencial para a felicidade é ser humano e dedicado ao trabalho. Será? O nosso ofício pode trazer uma grande satisfação, desde que seja algo que realmente nos identificamos, o que atualmente não condiz com a realidade para a maioria das pessoas. Isto porque, devido à oferta de emprego cada vez mais reduzida, elas atuam simplesmente no que conseguem se encaixar. Cresce o número de estudiosos que defendem a ideia de que hoje o trabalho parece estar proporcionando tudo, menos prazer. Prova disso são os altos índices de estafa relacionados à vida profissional.

E agora? Se a felicidade não parece ser promovida totalmente por nenhum destes pontos, onde estará?

Perceba, leitor, que esses motivos são externos e estão fora de qualquer controle nosso. Podemos ganhar dinheiro em um momento e depois há uma baixa econômica no país; Relacionamentos têm momentos bons e ruins; Os filhos são mutáveis, assim como nós e também têm seus períodos de mais dificuldades; Nosso trabalho pode não nos satisfazer completamente. Além disso, esses motivos podem interferir uns nos outros, concorda? O que será que pode nos deixar feliz?

A primeira constatação, amigo, já mencionei ao ter falado da tristeza: não somos felizes, estamos felizes! Teremos momentos de felicidade ao longo da nossa existência. Precisamos entender isso e aprender a valorizar esses momentos.

Segundo: passamos pela vida esperando que num futuro alcançaremos algo que nos trará felicidade, aquele sonho tão almejado, sem perceber que ela é construída, pulverizada na nossa trajetória.


É como Mário Quintana sabiamente escreveu:

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,

Procede tal e qual o avozinho infeliz: Em vão, por toda parte, os óculos procura Tendo-os na ponta do nariz!

Por fim, devemos lembrar que precisamos fazer o que nos faz bem para estarmos felizes - sobre isso podemos ter controle. Cuide de si mesmo, procure fazer o que te realiza, isso te trará senso de domínio, de satisfação, aumentará sua autoestima, desenvolverá autoconfiança e autoeficácia - um conjunto que provoca uma bomba de afetos positivos interna e externamente. Procure, crie e se dedique a um propósito, um objetivo de vida. Agir nesse sentido faz de nós, humanos, seres plenos de felicidade. por um período mais longo.


Diante disto tudo, só me resta lembrar a você que estar feliz é uma responsabilidade do próprio indivíduo. Sua felicidade depende de você e de mais ninguém. Como já dizia o querido Freud: "A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar por si, tornar-se feliz."


Imagem: https://goo.gl/images/H8d2iG



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