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Foto do escritorAlan Rangel

As disputas teóricas da Modernidade no mundo atual

Li recentemente, o livro A Era das Revoluções – 1789 – 1848-, do historiador inglês Eric Hobsbawn. Há um capítulo específico que desejo comentar, intitulado a Ideologia secular. Nesta parte, o autor faz uma discussão de dois conjuntos teóricos que versam sobre a natureza da sociedade e a direção que ela deveria tomar. O foco são as ideologias modernas, e como o cenário pré e pós Iluminista e Revolução Francesa influenciou na formulação de teorias que envolvem cultura, indivíduo, Estado e economia. Boa Leitura!


A grosso modo, há duas grandes divisões teóricas modernas que imputam sobre uma visão de mundo de sociedade: aquelas que acreditam na inexorabilidade do progresso, visto como algo positivo, e as que desacreditam no progresso e nas ideias vigentes da Idade Moderna, como o humanismo, Iluminismo, racionalismo filosófico e científico. Há também as versões híbridas, mas que não irei tratar nesta oportunidade.


O grupo chamado de progressistas, favoráveis á secularização da sociedade, inclui, inicialmente, os liberais. Desde o início da modernidade, fomentaram que a humanidade é um agregado ou combinação de átomos individuais que deve caminhar para a autonomia e liberdade dos indivíduos, resguardando suas posses, e respeitando acordos e contratos visando a sobrevivência social. A troca salutar de mercadorias, a divisão de trabalho entre produtores e não produtores, a competição, o desenvolvimento da ciência e do capitalismo, a defesa á vida e as liberdades individuais e a separação de poderes são elementos indispensáveis para a harmonia e o desenvolvimento social


Dentre o grupo dos progressistas, nasceu os socialistas, comunistas e anarquistas, que surgem no século XIX, e, a grosso modo, eram favoráveis ao desenvolvimento técnico/industrial, mas que duvidavam que a felicidade e bem estar geral seria possível na desigualdade social, com a radicalização de classes excludentes, como pensavam os liberais. Em vez de agregado de indivíduos que buscam a felicidade, eles eram favoráveis ao comunitarismo e igualdade social, pois os humanos seriam naturalmente comunitários e produziriam bem-estar no e pelo coletivo. Existe a nostalgia de uma era dourada antes da propriedade privada.


Por fim, o grupo de resistência ao sentido de progresso humano e histórico, os conservadores e reacionários. Eles viam com maus olhos a perda da influência religiosa e das tradições, o definhamento da comunidade regida pela ordem, costumes, hierarquia e obrigações sociais, e uma crítica ao individualismo, competição e desumanização criada pelo mercado, pois os homens seriam desigualmente humanos, mas não mercadorias valorizadas de acordo com os números. Alguns saudosos pelo passado, outros favoráveis a um curso natural da História, sem rupturas bruscas.


Estas ideias do passado têm relação com o século XXI? Sem dúvida! Elas não desapareceram! É só olhar para o Brasil e o mundo e perceber que países, indivíduos e grupos, de um jeito ou de outro, defendem algumas dessas ideias, ou a combinação delas. As disputas estão aí fervilhando!

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