Diante de um momento tão delicado de nossa conjuntura política e do crime em Brumadinho não conseguiria ficar incólume a tanto despautério. Venho já, há alguns dias, maturando e ruminando algumas palavras e constelações de imagens.
O assombro e perplexidade nos tomam de assalto, mas é preciso estarmos atentos e fortes. E devemos, SIM, usar o que temos de mais potente nesse instante. Darmos as mãos é aderir a uma causa que é de todos. Segue as palavras poéticas de reflexão. Ainda podemos nos expressar, sim? Façamos isso, pois. Sigamos!
Eis a chave do segredo do mundo:
Revelar o encontro do humano.
Escuto a natureza de minha própria essência
Mergulho profundo em mim.
Assombro-me com o que se revela.
Não de mim, mas da força ardilosa
Da trama da maldade confabulada
Dos lobos traiçoeiros e famintos
Mascarados como bondosas ovelhas.
Assusto-me num grito,
Ao despertar em tempos tão sombrios.
Arrancaram, de solavanco, minha paz.
Arredio, gritei mais alto.
Resisti ao desagradável que me espreitava.
Superei as coisas mais abjetas.
Olharam feio.
Impuseram sofrimento e injustiça.
Insistiram em macerar as pétalas doces dos nossos sonhos.
Isolaram e oprimiram.
Oh Senhor Deus, que trágico instante!
Lama e dor.
Oh, Alah que despautério!
Descaso e ambição.
Oh, Tupã que desrespeito!
Luta ensandecida pelo poder.
Oh, Oxalá que ofensa e sacrilégio!
Vidas humanas relegadas a nada.
Que trágico momento!
Impedirem que construamos nossa morada nas estrelas?
Estrangeiro de mim,
Revolvo minhas entranhas.
Amargo gosto de uma lembrança vivida
Que ronda voraz.
Ficaremos à mercê da insensatez?
Presságio de tormentas e cataclismos,
Caos e confusão.
Nesse circo de horrores!
Homos Stupidus!
Oh, Têmis!
Oh, Xangô!
Oh, Forset!
Oh, Javé!
Oh, Sumé!
Livrai-nos!
Protegei-nos!
Ficaremos à mercê do jogo insano do poder?
Jamais!
A força poderosa da fonte que nunca seca
Irradia seu clarão de luz.
Avante!
Oh, Virgem Maria!
Oh, Ceuci!
Oh! Afrodite!
Oh, Vênus!
Oh, Rudá!
Oh, Oxum!
Todos os santos, orixás, deuses e seres mágicos,
Dai-nos serenidade e paz.
Diante de tamanha perdição!
Mesmo com o peso das horas fatídicas,
Abandonamos as grades da vil ignorância,
E, por instantes, do desejo se faz asas.
Inefável leveza.
Avante!
Retomemos, pois o centro de nossa própria liberdade!
Oh, Homos Poeticus!
Criação e beleza!
Natureza essencial do humano.
Convoque-nos,
E de mãos dadas,
Seguiremos juntos.
Fortaleza em busca da garantia de nossas conquistas.