Por Neusa Maria dos Santos Pires
A humanidade vive um momento de explosão demográfica da população idosa, fato que se tornou tema de palestras, seminários, debates e pesquisas em todo o mundo. E o Brasil? De que modo vem acompanhando o processo de envelhecimento populacional? Se envelhecer é tendência, precisamos encarar os fatos.
Uma nação envelhecida traz consigo preocupações e desafios, a incerteza da conquista da longevidade com qualidade de vida e de maneira saudável, traduz inquietação e motivo de instabilidade da maioria dos que alcançaram a Terceira Idade em nossas principais metrópoles.
Dados estatísticos apresentados pela ONU confirmam o crescimento da população idosa e o maior percentual de avós do que de netos. Fernando Duarte, em artigo publicado no mês de abril, enfatizou a predominância dos avós, pela primeira vez na história. Com uma densidade demográfica de 705 milhões de pessoas, acima de 65 anos e contra 680 milhões entre zero e quatro anos, sem dúvidas, o mundo envelheceu.
A realidade descrita pela ONU, recentemente, é observada na sociedade brasileira com certo saudosismo, do tempo em que o Brasil era conhecido mundialmente como “um país de jovens”. O IBGE revelou em pesquisas recentes, que daqui a vinte anos o número de idosos será intensificado em todo o país. O quadro começa a incomodar e despertar atenção de setores sociais.
Até pouco tempo, os cabelos brancos não representavam incômodo ou problema, porém, nos deparamos com dados alarmantes. Teremos um idoso acima de 65 anos, em cada 4 brasileiros, por volta de 2060. Lidar com essa problemática trata-se de responsabilidade social, educação e, sobretudo, direito e cidadania.
O crescimento deste grupo populacional coloca em pauta algumas reflexões: como viver bem após envelhecer? O que fazer para se manter ativo com a vida prolongada? O que nos reserva o momento e a expectativa da velhice? O que muda num país de idosos? Acredito que os desafios serão muitos, as dificuldades de aceitar os novos papéis também. Se chegamos neste estágio, o momento é de aprofundar o conhecimento da abordagem, discutir possibilidades e efetivar ações direcionadas ao segmento da maturidade.
Tema em destaque, o envelhecimento demográfico deve ser analisado, não somente pelas consequências inevitáveis, motivadas pelos aumentos dos gastos previdenciários e saúde, mas deve incluir discussão sobre bem estar e vida saudável, questões imprescindíveis.
O que dizer do mercado de trabalho? Serão necessários maiores investimentos, que oportunize pessoas desta faixa etária a empreender e encontrar condições de se manter ativo. Ser útil a sociedade é uma máxima do ser humano, mesmo após a conquista da tão sonhada aposentadoria. Parece um paradoxo? Pode ser, mas, o que se vê, são pessoas aposentadas, cheias de ideias inovadoras e querendo realizar coisas que, quando jovens, não conseguiram.
A impressão é de que estamos envelhecendo a passos largos, os índices assustam, e o que está sendo feito? Se discute questões previdenciárias e econômicas, as demandas são infinitas e as soluções devem ser buscadas, pois “o tempo não para”. Compreender a dinâmica social cabe a todos.
As políticas públicas direcionam esforços, a fim de garantir assistência à pessoa idosa, entretanto o desafio está em promover a saúde, os direitos e proporcionar a autonomia e participação social às pessoas idosas, considerando sua historicidade e individualidade no contexto em que vivem.
O limite da discussão e as incertezas não param por aí. A educação permanente e a importância da interação social são consideradas prioridades deste grupo social. A visão holística e integrada do processo de envelhecimento vai exigir contribuições governamentais, organizacionais, institucionais, profissionais e de toda a comunidade.
O “fenômeno do envelhecimento” que vivenciamos é uma transição sem retorno. País de velhos, sim, por que não? Isso não nos faz menores; eleva ao nível da sabedoria. O perfil do povo brasileiro mudou. Aprender com a mudança de paradigma vai ser desafiador.
A principal razão de tratar desta temática é ampliar a visibilidade e as necessidades retratadas nos estudos realizados, e propor reflexão sobre as diferenças da população idosa, as características e especificidades desses cidadãos, que dedicaram uma parte da vida na construção de uma sociedade melhor.
Preparar e conscientizar as crianças, os mais jovens, bem como a população ativa, pode ser decisivo para os próximos anos. Observar a questão a partir de princípios humanistas, reconhecendo o papel social do idoso, são requisitos básicos para viver a maturidade com dignidade e respeito.
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