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Foto do escritorCarlos Henrique Cardoso

São João: Festa ou Festival?


São João se aproxima e muita gente vai pôr o pé na estrada para curtir a festa nos diversos municípios da Bahia ou do Nordeste. É um dos festejos mais aguardados, principalmente por pessoas oriundas do interior do estado que moram, estudam ou trabalham na capital e uma ótima oportunidade de rever parentes e amigos. A festa é impulsionada ainda pela possibilidade de apreciar seus artistas prediletos que sempre tocam nessa época do ano, contratados por várias prefeituras, transformando o folguedo muitas vezes em um grande festival.


E esses shows vem causando discórdias quanto ao gênero musical dos músicos contratados. Forrozeiros tem reclamado nos últimos anos da presença constante de sambistas, pagodeiros, sertanejos, e até funkeiros que se apresentam numa época em que cantores desses ritmos costumeiramente são deixados de lado em prol de um bom pé de serra.


Observando grades de programação publicadas por algumas administrações municiais nos últimos anos, percebe-se uma miscelânea de artistas que trabalham com múltiplos gêneros musicais. A maioria, sem dúvida, são intérpretes de forró. No entanto, nota-se um acréscimo de demais bandas e grupos. Avalio que está havendo um apelo maior de empresários e marqueteiros em anunciar seu produto, a fim de que o contratante obtenha sucesso em atrair mais turistas. Sucessos de venda constituem um grande fã-clube que seguem suas personalidades prediletas onde quer que estejam. Sem falar que populações nativas nem sempre se importam com quem vá tocar. Um morador de uma cidade pequena ou média, que não tem hábitos de se deslocar apenas para assistir um espetáculo, vê uma grande oportunidade de apreciar um artista renomado em sua terra. Ou seja, se os artistas de forró se manifestam criticamente, o público parece não acompanhar no mesmo tom.


Todavia, vejo razões nas críticas dos forrozeiros em protestar por mais espaços nas festas juninas. O forró ainda detém um perfil sazonal, não muito aceito em festas carnavalescas e fim de ano. Sua capilaridade em grandes festivais – como Rock in Rio – e demais eventos identitários (Oktoberfest, Festa do Peão de Barretos, Festival Folclórico de Parintins) é muito baixa. Sem falar que as referências históricas do ritmo têm se embaralhado e a mescla com outros gêneros tem acontecido.


Porém, meu propósito aqui não era nem ter ido tão longe com essa discussão. Independentemente de quem vai tocar ou não nos festejos interior afora, noto que os admiradores do São João têm se preocupado muito em aproveitar locais que ofereçam uma grade de programação farta em espetáculos musicais. A essência da festa, sabemos, não é essa. Talvez aproveitar o que a festa oferece em termos, digamos, mais típicos, pode caracterizar uma animação autônoma, sem se importar com quem vai se apresentar no palco. Visitar “casa a casa”, dançar numa salinha apertada, ouvir causos, formar quadrilhas, pular fogueira, tudo isso faz parte! Passar a noite dançando, comendo bebendo, festejando e louvando o santo numa roça ou arraial qualquer, é São João também! Não é apenas se entusiasmar com artistas de peso. Já verifiquei que algumas pessoas curtem shows até o amanhecer, retornam para casa, dormem até a tarde, acordam e se preparam para as demais atrações da noite. Apenas isso? Cada um usufrui e entende a festividade como lhe convém. Contudo, estou levantando uma série de opções e modos de alegrar sua participação nesse folguedo. São João é muito mais do que saber qual artista estará aonde. Afinal, é uma festa, muito mais que um festival. Anarriê, minha gente!



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