Nesse período de isolamento, muita gente tem procurado os serviços de Streaming para acompanhar uma série de retumbante sucesso ou indicadas por terceiros. Geralmente, as mais premiadas ou discutidas nos grupos levam a dianteira. Porém, há sempre aquelas meio escondidas ou que nem sempre estão em voga em algum site conceituado sobre o assunto. Uma delas, se tornou das minhas preferidas, em virtude da tensão constante envolvida na caracterização dos personagens, sempre tentando se safar de alguma encrenca pesadíssima. Me refiro à “Ozark”, série da Netflix que estreou sua terceira temporada há exatamente duas semanas.
O drama acompanha o casal Marty e Wendy Byrde, e seus dois filhos adolescentes. Marty é um contador que se vê obrigado a se mudar de uma metrópole – Chicago – para um pequeno interior no centro dos EUA chamado Ozark – um balneário utilizado como colônia de férias por universitários durante o verão, em razão de sua paisagem composta por diversos lagos. Toda a família o acompanha e lá a situação só piora para eles.
Em um ritmo envolvente, a série vai mostrando uma confluência de negócios escusos e pessoas sem muito caráter impulsionados a realizarem atos inescrupulosos para manterem um padrão de vida razoável. Ninguém escapa: do senhor gentil, passando pelo xerife sério, até a velhinha simpática. O público jovem impulsiona mercados ilícitos, cassinos, produção de drogas, culminando em disputas sangrentas entre cartéis, para ver quem lava mais dinheiro que o outro. Não há moralidade a ser questionada. Todos são capazes de realizar os gestos mais escrotos para a situação encalacrada em que estão mergulhados não tome rumos ainda mais sombrios.
Aparece na trama também a fé religiosa, sempre com um componente ilegal por trás. No entanto, “Ozark” deixa bem claro a fragilidade das relações, seja familiar, seja parcerias espúrias que podem se dissolver mais rápido que algodão doce. Um grupo que acerta uma cooperação hoje, amanhã podem estar em lados opostos. Na terceira temporada – a mais movimentada – aparece um elemento muito comum nesse tipo de situação: a adversidade entre forasteiros e nativos. “Vamos deixar esse pessoal dominar nossos princípios?”
O casal Marty e Wendy uma hora estão em sintonia, em outra se tornam quase inimigos. Na terceira temporada, a personagem Wendy ganha mais evidência, sua atuação mais robusta, causando impactos matrimoniais bem mais sólidos. Outro figuração de destaque é Ruth Langmore, uma garota desbocada que mora com os primos e dois tios com um passado nada orgulhoso. A cada capítulo, ela vai se tornando a peça chave que vai criando abismos ainda mais profundos em todo caos imoral que povoa a cidade.
“Ozark” vem sendo constantemente comparada à finalizada série “Breaking Bad” – inclusive muitos fãs de “Ozark” são “viúvos” dessa série concluída. Também há aproximações com “House of Cards”, com a maracutaia governamental sendo transferida dos mais altos escalões do poder para uma cidadezinha “puritana” localizada no Centro – Oeste americano.
A quarta temporada deve demorar, não apenas pela recente disponibilização da terceira temporada, quanto pela paralisação de filmagens por conta da pandemia. Do jeito que terminou a mais nova temporada – com uma cena final impactante e estrambólica – pode-se esperar que venha mais tensão e corrupção em alta voltagem.