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Ex-pajé: missões evangélicas no século XXI

Foto do escritor: Equipe SoteroprosaEquipe Soteroprosa

A obra fílmica Ex-Pajé (2018, dir. Luiz Bolognesi) nos atenta para a realidade nas aldeias atualmente ao que tange as missões evangélicas. No documentário, um pajé que é pastor volta a exercer sua função quando uma moradora da aldeia fica bastante doente e nenhuma cura do “mundo dos brancos” consegue resolver a questão.


O filme como temática principal mostra o processo de etnocídio dos povos originários, tanto que inicia com a citação de Pierre Clastres: “o etnocídio não é a destruição física dos homens, mas a destruição sistemática de seus modos de vida e pensamento. Enquanto o genocídio assassina os povos em seu corpo o etnocídio os mata em seu espírito.” É sabido que etnocídio é um crime que vem sido cometido por séculos desde que os colonizadores invadiram uma terra onde existiam milhares de povos e etnias, local que que viria ser o Brasil.


Na atualidade isso se intensifica com as missões evangélicas, assim como os jesuítas católicos que colonizaram o Brasil em 1500, demonizam as religiões indígenas e seduzem esses povos com a mentalidade do "homem branco". Os que se convertem acabam por fazê-lo também por um negócio tácito para manter a terra e outros direitos, o que teoricamente está garantido por lei.


Os povos originários perdem sua língua, perdem sua religião, enquanto continuam lutando sem apoio algum além dos deles mesmos, afinal, o Estado, ainda nos governos mais progressistas não fizeram o esperado sobre a demarcação das terras indígenas, assim como falou o cacique Raoni: “Nossa luta contra Bolsonaro é a mesma que fizemos contra Lula e Dilma.”


Nesse sentido, a questão dos povos originários sempre foi uma segunda opção para os governos brasileiros, mesmo depois da Constituição de 1988. Entretanto, com o desmonte da FUNAI a partir de 2018, a situação se agravou mais. É possível ver um pouco dessa denúncia social que perdura por anos no filme Martírio (2017, dir. Tatiana Almeida, Ernesto de Carvalho, Vincent Carelli) nele mostra a dificuldade dos Guarani Kaiowá para obterem direito a terra, acarretando casos de suicídios e assassinato de indígenas por parte de grileiros.


Quanto as missões, além do etnocídio provocado pelo processo de desculturação das religiões e rituais nativos e aculturação da cultura do “branco”, elas também facilitam a propagação de doenças e deixam os povos indígenas mais exposto a ataques, uma vez que muitas missões são clandestinas e não há fiscalização eficaz sobre isso, podendo atingir inclusive povos completamente isolados.


Os povos indígenas brasileiros vivem em constante ameaça, são tratados como não brasileiros e muitos de fato não se sentem cidadãos. Além de terem suas liberdades e culturas cerradas enquanto seu lar é invadido e destruído. Desse modo é preciso que a população se preocupe mais com esses povos e tentem entender mais suas motivações e culturas afim de proteger e se aliar contra o etnocídio que os abarca cotidianamente.


Fonte da imagem: < https://conexaoplaneta.com.br/wp-content/uploads/2018/04/ex-paje-documentario-denuncia-evangelizacao-dos-indios-webdoor.jpg>
















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