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Educação EAD: uma alternativa ou um desastre?

Foto do escritor: Equipe SoteroprosaEquipe Soteroprosa

Em tempos anteriores a pandemia, a EAD (educação a distância) já era uma alternativa de ensino para os que trabalhavam e não tinha tempo para frequentar uma faculdade, afinal, as aulas gravadas poderiam ser assistidas em qualquer dispositivo a qualquer hora do dia. Com o advento da COVID 19 e a necessidade do distanciamento social, a prática imperou principalmente na educação privada.


A EAD é excludente já por suas questões técnicas. Afinal é preciso que o estudante tenha um acesso à internet de qualidade para interagir com os conteúdos gravados ou até mesmo as aulas remotas (aquelas que acontecem em tempo real, mas não necessariamente são gravadas). A mesma dificuldade aparece quanto ao uso dos smartphones, dos notebooks ou dos PCs, nem todos possuem pelo menos um desses aparelhos.


Quanto aos profissionais, nesse caso os professores e professoras, eles e elas também precisam possuir aparelhos que captem bem áudio e vídeo, além de claro saber utilizar as plataformas EAD. Alguns vezes é necessário que esses saibam editar vídeos, algo que apesar de ser acessível é um trabalho de outra área que é o da edição, normalmente presente em cursos de comunicação, publicidade, jornalismo e cinema, ou seja, algo que não é inerente a docência.


As dificuldades técnicas obviamente são mais restritas a áreas periféricas e alunos em situação de vulnerabilidade. Daí que o ENEM 2020 ter sido mantido foi e é um grande problema já que os alunos em sua maioria são oriundos de escolas públicas e não possuem esses recursos, se os tiverem, esses não são de boa qualidade em sua maioria. Ou ainda existe a situação de que moradores de uma mesma residência precisam dividir o celular ou outros aparelhos tecnológicos, ou seja, esses não ficam a total disposição do indivíduo que precisa estudar.


Logo, um estudante classe média da rede privada que provavelmente tem recursos a total disposição nunca poderá concorrer uma vaga da universidade com um aluno de escola pública que não possua nada disso e ainda necessite de subsídios para alimentação, como o auxilio emergencial e a merenda escolar , essa última sendo distribuída no momento de pandemia através de sextas básicas em algumas instituições de ensino, entretanto, não é a mesma coisa do seu consumo na escola.


Outro fator e esse pode ser unanime é a disponibilidade do aluno em estudar. Ou seja, as vezes é preciso de um ambiente silencioso e adequado. Há casos que mesmo na educação privada os pais têm invadido o quarto dos filhos para oferecer comida e outras coisas, atrapalhando a concentração. Outra questão é a dificuldade em se concentrarem nas atividades EAD, afinal ali é um espaço limitado que necessita ampla atenção.


Inclusive já existem estudos que as atividades home office pelas plataformas de vídeo são mais cansativas ao usuário, uma vez que recursos como linguagem corporal ficam limitados. No caso do ensino, além do corpo, a limitação ao uso do quadro, sendo o slide e a reprodução de vídeos a alternativa mais interessante para acompanhar as aulas. O professor acaba tendo que se reformular quanto aos métodos de ensino, sobrecarregando ainda mais esse profissional que talvez precise reelaborar todo o seu modo de dar aula e não deixar aquém, muito menos transformar a aula em uma palestra.


A questão da saúde mental também é de extrema cautela uma vez que as pessoas em geral estão vivendo em isolamento, logo o número de distrações diminuiu. Além de que existem parentes doentes ou até pessoas próximas que vieram a falecer, desse modo, a sociedade está vivendo em estado de tensão. Sendo assim, todos estão vulneráveis ao desencadeamento de depressão e ansiedade, ou o agravamento dessas doenças, algo que tem sido real.


No caso dos professores e de outros profissionais em home office, a questão da sobrecarga de trabalho tem sido também um fator atenuante para o sofrimento psíquico, uma vez que não se tem exatamente mais uma hora para começar ou terminar as tarefas do trabalho.


Além disso, existe o fator, na maioria das vezes, das pessoas precisarem fazer as tarefas domesticas ou ainda conviver com filhos ou irmãos pequenos dentro de casa, algo que se torna um desafio para quem está construindo o EAD, seja no papel de docente ou no papel de discente.


Um perigo para o futuro é que a educação a distância seja implantada como uma ferramenta eficaz de ensino e que ao se tornar unanime perca a qualidade da aula, dos profissionais da educação e dos alunos. Além de claro, a facilidade do monitoramento das aulas dando abertura para a implementação de medidas de controle social resvalando em censura, algo que por exemplo, a escola sem partido prega, tirando totalmente o livre arbítrio que o ensino permite ao debater assuntos diversos, construindo uma sociedade mais alienada.


Apesar de o EAD, nesse momento de pandemia parecer uma medida eficaz e necessária, que até dê certo para suprir algumas questões, tais como ocupar o tempo aprendendo algo já que existe um mundo de possibilidades no universo virtual. Se faz, por outro lado, de extrema necessidade, pensar nos malefícios que a prática pode fornecer tanto para os estudantes quanto para os professores. É preciso estar atento a educação fast-food.


Foto de capa: https://www.pozellialimentos.com.br/img/blog/grande/fbae5982b88f8bcff3d9efe70bb9daec.png

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