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Espaços públicos como mercadorias de campanhas eleitorais



Como o pombo ou pomba da foto, candidatos políticos costumam observar a terra, as ruas, postes e praças para saber como conseguirem o que precisam. A ave busca alimento; o candidato, votos. Como a “terra se torna uma mercadoria”?


Nas aulas de Ciências Sociais é comum ler o filósofo alemão (prussiano) Karl Henrich Marx (1818-1883). Uma lição básica desse cara é que a o sistema econômico-político europeu era baseado na terra (o feudalismo). A terra era um bem “imóvel”. Mas com as transformações políticas e econômicas, a terra se tornou “móvel” na medida em que servia como investimento inicial para obter lucro. Em outras palavras: a terra pode ser trocada por dinheiro para que você obtenha mais dinheiro. Eis o capital.


O capitalismo, para o nosso informante (Marx), torna tudo mercadoria. A fórmula básica da mercadoria é tornar valor de uso em valor de troca (repetindo o ciclo investir x para obter x + 1). O trabalho se torna, para Marx, a mercadoria central do capitalismo porque você, trabalhador/a, é alugado/a como investimento, porque você vai trabalhar para seu patrão e, no final de seu dia de trabalho, você vai fazer algo que outras mercadorias não fazem: você vai produzir outras mercadorias! A terra não produz “outra mercadoria”. É preciso que o investimento de trabalho humano seja aplicado sobre a terra para, por exemplo, existir o “agronegócio”.


Mas por que falar disso se o papo é sobre política municipal? Bem. É simples: é porque eu estou tentando destacar que o valor da terra, economicamente, é uma coisa; outra é seu valor político em tempos de campanha eleitoral. Em outras palavras: você já percebeu que em tempos de campanha aparecem candidatos ou candidatas como “agentes” políticos a serviço da população? Então, o que ocorre é que os espaços públicos – o termo correto juridicamente é equipamentos públicos – se tornam “capital”. Mas capital “político”.


Nas aulas de Ciências Sociais também se estuda, na sociologia contemporânea, Pierre Bourdieu (1930-2002), um sociólogo francês. Ele fala de diversos capitais. O capital político é um deles. O capital social, contudo, é o mais legal para a gente pensar nesses políticos em tempo de campanha. Veja: o equipamento público (praças, ruas etc.) se tornam mercadoria: um candidato asfalta uma rua ou faz manutenção em uma praça, ou troca uma lâmpada e, em tempos de Redes Sociais, compartilha isso para todo mundo vê.


Minha questão, para você que tem acesso à internet, que utiliza Redes Sociais; que acompanha blogs e canais no YouTube, IGTV, etc., assiste séries de Streaming, possivelmente chegou à Educação Superior é, em outras palavras: você não está brigando para ter o que comer: o que você faz quando vê isso acontecendo?


Referência da Imagem: Propriedade de Gabriel Brito (Autor)

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