No dia 14 de março de 2018 a vereadora carioca Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi executada com quatro tiros na cabeça enquanto passava de carro pelo bairro do Estácio. Além da edil, o motorista Anderson Gomes também foi baleado e morreu no local. O crime chocou diversos segmentos da sociedade.
Poucos deias depois, uma onda de Fake News invadiu a internet. A desembargadora Marília de Castro Neves espalhou informações falsas associando o envolvimento da vereadora assassinada ao Comando Vermelho, alertando sobre um suposto romance com o então chefe da organização Marcinho VP e afirmou que Marielle havia sido morta porque “descumpriu compromissos” com o grupo. O pastor evangélico Marcos Carvalho replicou uma imagem adulterada na qual Marielle aparecia sentada no colo do traficante. O deputado Alberto Fraga, do DEM, também foi um dos que passaram mensagem forjada sobre o assunto. Por fim, o portal Ceticismo Político – ligado ao MBL – contribuiu para a onda de devaneios informativos, proliferando os mesmos equívocos. Era a segunda morte de Marielle.
Em 3 de outubro daquele ano, os então candidatos a deputado Rodrigo Amorim e Daniel Silveira rasgaram réplica de uma placa de logradouro com o nome Rua Marielle Franco, que foi colocada numa praça na Cinelândia, Rio de Janeiro. Segundo eles, o ato foi para limpar a “bagunça socialista”. Isso aconteceu durante comício de Wilson Witzel. Terceira morte de Marielle. Todos foram eleitos. Marielle era executada mais uma vez.
No dia 12 de março de 2019, praticamente um ano depois do homicídio, a polícia prende um PM e outro ex-policial, Élcio Queiroz e Ronnie Lessa. Na casa de Lessa foi encontrado um arsenal de fuzis (117!!). Ele era vizinho do presidente Jair Bolsonaro. Porém, os mandantes ainda não foram revelados. Se iniciava uma possível resolução do crime.
No início de 2020, uma confusão se instalou em uma série de desmentidos sobre a versão de que o porteiro do condomínio Vivendas da Barra – local de residência de Ronnie Lessa e Jair Bolsonaro – teria dito em depoimento que o então deputado federal e atual presidente da República teria autorizado a entrada de um dos assassinos de Marielle, o PM Élcio Queiroz. A Polícia Civil concluiu em inquérito que a voz não era do referido funcionário. Mais um trâmite enrolado que continuou disparando tiros no carro da vereadora...
No último dia 11 de outubro, o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu aplicação de multa contra o Google, que se recusava a fornecer dados para investigação do homicídio de Marielle. O acesso a essas imformações é crucial para elucidar o caso, que depois de 2 anos e meio, continua sem solução, fazendo com que Marielle seja constantemente alvejada pelos tiros de um crime mal resolvido.
O caso Marielle Franco mostra um país absorto em iras e ódios desde as eleições de 2014, rachou o território nacional, elegendo políticos sem nenhuma ética, criando inimigos em cada canto e estimulando destruição de reputações e execrações até de quem já está falecido. Enquanto isso, uma parcela da população vai lamentando as várias e várias execuções de uma vereadora negra, lésbica e que enfrentava as milícias, supostamente envolvidas com campeões de votos. As eleições municipais que se aproximam darão o tom das vontades do eleitorado, para sabermos se haverá uma virada no perfil dos eleitos, para que, finalmente, Marielle possa descansar em paz.
FONTE:
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2018/03/19/marielle-fake-news/
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/vereadora-do-psol-marielle-franco-e-morta-a-tiros-no-centro-do-rio.ghtml
https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/candidatos-do-psl-rasgam-placa-que-homenageava-vereadora-assassinada-b4z8ev8c6bhvhxmoxr6junv15/
https://fpabramo.org.br/2019/03/12/a-dois-dias-de-completar-um-ano-policia-prende-executores-de-marielle/
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/02/11/voz-que-liberou-entrada-de-acusado-de-matar-marielle-em-condominio-nao-e-do-porteiro-que-disse-ter-falado-com-bolsonaro-diz-laudo.ghtml
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/10/11/caso-marielle-google-pode-pagar-multa-de-ate-r5-mi-por-nao-fornecer-dados.htm
Simpro ABC (imagem)