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A AMAZÔNIA AZUL: um tesouro brasileiro que merece toda a sua atenção




Nosso país é facilmente lembrado por suas florestas tropicais, e pensar em "verde" é lembrar da icônica Floresta Amazônica – um paraíso que levou milhões de anos para se formar. Para que a Amazônia exista com sua esplêndida biodiversidade, é importante destacar alguns marcos fundamentais: a formação da Cordilheira dos Andes – essencial para manter a umidade da floresta; a extinção dos dinossauros – que permitiu o desenvolvimento das angiospermas, grupo de plantas que compõem nossas florestas tropicais; e, claro, a ação humana. Isso mesmo: comunidades indígenas que habitam a Amazônia há centenas de anos ajudaram a disseminar árvores frutíferas, contribuindo para a conservação da floresta. É importante lembrar que, embora existam seres humanos que destroem, muitos são os que erguem as coisas belas.


Temos ainda uma segunda Amazônia que, assim como a floresta, levou milhões de anos para se formar. Ela passou por diversos mares, pela união e separação de supercontinentes, pela estabilização de correntes oceânicas, pela incidência solar e por toda uma dinâmica geológica na interface entre continente e oceano. Falo de uma Amazônia que me atravessa como pesquisadora: a Amazônia Azul. Esse nome foi estabelecido pela Marinha do Brasil para designar toda a área de mar territorial brasileiro que vai da costa até duzentas milhas náuticas. Na Biologia Marinha, chamamos esse limite de extensão máxima da plataforma continental.


A Amazônia Azul, além de representar um importante território para a soberania nacional, concentra a maior parte das reservas de petróleo e gás natural do país, fornece boa parte dos pescados que sustentam comunidades pesqueiras e abriga um ecossistema-chave diante da crise climática: os recifes de corais.

Os recifes de corais são formados por animais do filo Cnidaria. Em suas fases iniciais, são móveis, denominados larvas plânulas. Ao encontrarem um local adequado no fundo marinho, essas larvas se fixam e formam o pólipo fundador, que se divide em muitos outros, dando origem à colônia. Apesar de parecerem pedras, os corais são organismos vivos com estruturas rígidas formadas pelo esqueleto de carbonato de cálcio.


Pesquisas indicam que os corais, juntamente com outros organismos marinhos calcificadores, podem atuar como sequestradores de carbono atmosférico – ou seja, nossa Amazônia Azul pode ter um papel crucial para que o Brasil atinja a neutralidade de carbono. Além disso, boa parte do oxigênio que respiramos é produzido por algas microscópicas que vivem dentro dos corais, chamadas zooxantelas. Essas algas, além de responsáveis pela fotossíntese, conferem aos corais sua coloração exuberante.


Os recifes também abrigam espécies de grande importância farmacológica. Esponjas, os próprios corais e até tubarões são estudados quanto à produção de substâncias com potencial terapêutico, inclusive para o desenvolvimento de tratamentos contra doenças e até pandemias.


No entanto, com o aquecimento global e o aumento da concentração de CO₂ na atmosfera, todo esse ecossistema está ameaçado. O excesso de CO₂, ao reagir com a água do mar, forma ácido carbônico, promovendo a acidificação dos oceanos. Esse processo, somado ao aumento da temperatura da água e à poluição, está levando à morte das zooxantelas, dos corais e de diversas espécies marinhas essenciais.


Grande parte dessa biodiversidade – e infelizmente também da destruição – está localizada no litoral baiano. A propósito, pela sua importância territorial, a Bahia é considerada o estado-sede da Amazônia Azul. Então, meu amigo e minha amiga soteropolitana, no próximo passeio que fizerem por Paripe, Boa Viagem ou Rio Vermelho, respirem fundo e aproveitem a paisagem. Mas lembrem-se também de lutar pela preservação desses ambientes, escolher representantes comprometidos com o meio ambiente e apoiar as comunidades pesqueiras que vivem e lutam por esses espaços.


Seu oxigênio depende disso.


FONTE:


AMANCIO, Carlos Eduardo. Precipitação de CaCO3 em algas marinhas calcárias e balanço de CO2 atmosférico: os depósitos calcários marinhos podem atuar como reservas planetárias de carbono?. 2007. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.


BRASIL. Marinha do Brasil. Amazônia Azul. Disponível em: https://www.mar.mil.br/hotsites/amazonia_azul/. Acesso em: 4 maio 2025.


CASTRO, Belmiro M. et al. A Amazônia Azul: recursos e preservação. Revista USP, n. 113, p. 7-26, 2017.


IMAGEM: SINAVAL

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