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A VERDADE NAS REDES SOCIAIS EM TEMPOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E FAKE NEWS



Vivemos em um tempo em que a imagem, antes considerada prova incontestável da verdade, tornou-se suspeita. Vídeos no Instagram, no TikTok, no YouTube e em outras plataformas circulam com aparência de veracidade, mas sua autenticidade muitas vezes é ilusória. Num mundo regido pela velocidade da informação, pela viralização e pelas “inteligências artificiais” capazes de criar, manipular e simular rostos, vozes e contextos, a distinção entre o real e o fabricado torna-se cada vez mais tênue.


A inteligência artificiai generativa, como as que produzem deepfakes, recriam falas e editam vídeos com perfeição quase imperceptível, pois está sendo moldada uma nova ecologia da verdade. Nesse cenário, o que circula nas redes não é necessariamente o que aconteceu, mas o que foi convincente o suficiente para ser acreditado. A lógica da viralização substitui o critério da veracidade: importa menos se é verdadeiro e mais se engaja.


Essa nova dinâmica impõe desafios éticos, políticos e epistemológicos. Éticos, porque a manipulação de vídeos pode afetar reputações, criar pânicos morais ou fomentar discursos de ódio. Políticos, porque vídeos falsos já foram usados para influenciar eleições, reforçar narrativas autoritárias ou silenciar minorias. Epistemológicos, porque a própria noção de conhecimento passa a ser corrompida: se tudo pode ser simulado, como saber o que é verdade?


O termo pós-verdade, tão debatido nos últimos anos, encontra nas redes sociais um ambiente fértil. A pós-verdade não é apenas o tempo em que se mente mais, mas aquele em que a verdade importa menos. O que se busca é a confirmação de crenças, o reforço de afetos e a manutenção de identidades de grupo. Nesse contexto, vídeos falsos, muitas vezes emocionalmente apelativos, funcionam como instrumentos eficazes de manipulação. É necessário, portanto, fortalecer uma hermenêutica da suspeita nas práticas digitais. Isso não significa viver em paranoia constante, mas cultivar uma atitude crítica diante do que se vê, se compartilha e se acredita. Alfabetização midiática, checagem de fatos, responsabilidade digital e transparência nas tecnologias são ferramentas urgentes para um mundo em que a própria realidade é frequentemente editada.


O desafio, afinal, não é apenas tecnológico: é profundamente humano. Como discernir o verdadeiro em uma era em que a mentira veste máscaras cada vez mais sofisticadas? A resposta talvez envolva resgatar o valor do diálogo, da escuta, da dúvida e da responsabilidade ética sobre o que escolhemos acreditar e espalhar.

28 comentarios

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Carla Almeida Dos Santos
há 5 dias
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Em tempos de inteligência artificial e viralizações, a verdade já não é o que foi, mas o que parece ser. Estamos em um mundo onde imagens mentem com perfeição, pensar criticamente nunca foi tão urgente

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Hoje em dia já é difícil dizer o que é verdade ou não, a tecnologia tem se avançado cada vez mais rápido cada dia que passa, e agora com a inteligência artificial, ficou mais difícil ainda distinguir o que é real ou não. A inteligência artificial pode ter seu lado bom, como uma ferramenta auxiliadora e de informações, porém sabemos que muitas pessoas a utilizam de má fé para difamar outras pessoas, proliferar mentiras e até mesmo para a realização de golpes. É necessário que essa seja uma abordagem cada vez mais discutida, visando o conhecimento de todos dos perigos que estão expostos.

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Ana Melissa
11 jul
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Em tempos de manipulação digital, já não basta ver para acreditar. As imagens e vídeos que circulam podem parecer reais, mas muitas vezes são fabricados para enganar. A proliferação de fake news nas redes sociais mostra como a verdade passou a disputar espaço com a emoção e o engajamento. Por isso, mais do que nunca, é preciso desenvolver uma postura crítica diante do que consumimos online, desconfiar, verificar, refletir. A verdade, hoje, precisa ser procurada com cuidado, e não apenas aceita de imediato.

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É preciso ter cuidado com as novidades tecnológicas que estão surgindo. Hoje, tornou-se muito mais fácil manipular a verdade nas redes sociais ou transmitir Fake News. A cada medida que passa, a inteligência artificial evolui e fica ainda mais fácil espalhar mentiras. Precisamos estar atentos a isso e criar estratégias para lidar com esses problemas.

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Jéssica Loranne
11 jul

Esse texto traz uma reflexão poderosa sobre o impacto das redes sociais e da inteligência artificial na nossa percepção da verdade. A forma como ele conecta a manipulação das imagens digitais, como os deepfakes, com a crise da veracidade nas plataformas digitais é bastante pertinente. A ideia de que, no contexto atual, o que viraliza importa mais do que o que é verdadeiro nos faz questionar como nossas crenças estão sendo moldadas, muitas vezes, pela ilusão de realidade.

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