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BOLSONARO INELEGÍVEL É VITÓRIA DA CIVILIDADE, MAS NÃO O FIM DA DELIQUÊNCIA MORAL EM CURSO





“Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público.” Thomas Jefferson


A inelegibilidade de Jair Bolsonaro por 5 a 2, pelos juízes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é uma vitória da machucada democracia liberal brasileira.[1] O ex presidente, de forma vil, passou os últimos quatro anos atacando as instituições do Estado de Direito e da democracia. Um chefe de estado, com poder político máximo, usando de seu cargo para fomentar a desconfiança nas instituições de seu próprio país, utilizando a comunicação oficial do governo, alastrando todo tipo de factoide e conspiração, gerando confusão e incentivando a formação anti política nos cidadãos. Tudo em dissonância com seu papel político. E ainda se considera uma figura conservadora! Conservador é quem conserva e respeita, e não uma dinamite ambulante.


Não podemos cair na falácia de que na democracia tudo pode. De que liberdade de expressão é liberdade para falar e fazer sobre qualquer coisa, em qualquer lugar, sem freios. Não. Vamos tolerar políticos que pregam a existência de grupos e partidos nazistas? Vamos aceitar falas de políticos que concordam com a pedofilia, racismo, misoginia, Lgbtfobia? Questões que são, não podemos jamais esquecer, ilegais. É urgente combater esse tipo de artifício capcioso que coloca a democracia quase que em um ambiente pré-civil, do cada um por si, sem regulações sociais. Como disse, certa vez, o cientista político Adriano Codato sobre Bolsonaro: "Um ator político rude, inculto e grosseiro é a exibição sem censura da nossa incivilização."[2]


O capitão inelegível, por enquanto, só foi condenado por crime eleitoral, que o impede de ser candidato por alguns anos, mas carrega outros processos criminais nas costas, e será julgado na conduta de sua gestão. Não terá mais o foro privilegiado para protegê-lo. Aliás, é preciso rever essa blindagem política que deixa à vontade o político falar e fazer o que bem entender, como se estivesse acima do bem e do mal.


Por fim, o afastamento de Bolsonaro significa uma extrema direita mais fraca, mas não derrotada. Infelizmente, lobos travestidos de ovelhas, bons samaritanos e “guiados por Deus”, que “pregam o bem do povo” e falam de supostos humanos direitos, nascem todos os dias. A deliquência moral é uma erva daninha.


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Nota

[1] O PDT defendeu que o ex-presidente da República cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em uma reunião com embaixadores, que ocorreu em julho de 2022.


[2]https://www.dw.com/pt-br/bolsonaro-%C3%A9-a-exibi%C3%A7%C3%A3o-sem-censura-da-inciviliza%C3%A7%C3%A3o-brasileira/a-55175095




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