Tempinho que não falo sobre filmes por aqui, mas Adú é uma obra que me despertou muitas reflexões e uma delas foi justamente a história do personagem principal, Adú: um garotinho africano, pobre, que viu os seus pais serem assassinados e a sua irmã morrer de hipotermia enquanto demonstrava carinho e preocupação com o seu irmãozinho.
Adú precisou ir embora da sua cidade e queria chegar ao Marrocos onde os seus pais achavam que os seus filhos teriam mais chances de alcançar a dona felicidade.
O filme, queridos, conta a história desse menino sofrido que vos narro, mas o que mais me impressionou e me fisgou foi a sua simplicidade e pureza de alma. É comovente e inquietante o quanto que Adú não absorve a dor da perda, da solidão, da fome, do medo de perder os que aparecem em sua vida e lhe estendem a mão.
O fim de Adú, contudo, poderia ter sido de acolhimento e, com isso, ter provocado um pranto de alegria e não de tristeza nas faces dos telespectadores.
O fim de Adú, meus girassóis, poderia ter sido diferente se ele tivesse sido amado por pais, por uma família substituta, a qual não permitiria que ele se tornasse forçosamente tão adulto tão cedo.
Eu acredito, então, que adotar seja uma das ações mais ricas de empatia que existem, um momento, uma troca de olhares, de sorrisos, um silencio (quase uma paquera gostosa...) definem o time em que o sentimento de maternidade ou de paternidade nasce.
Se Adú tivesse sido acolhido, ele não teria furtado para matar a sua fome ou viajado no bagageiro de um avião onde viu sua irmã morrer e voar, voar até desaparecer na imensidão.
... AMOR
... AFETO
... PREOCUPAÇÃO
.... CAMA QUENTINHA
... LEITE COM BISCOITOS
... CADERNO E CANETA
...ABRAÇO E UM “ESTOU COM VOCÊ”
...
O recurso que a língua portuguesa nos dá, as reticências, não é suficiente para dizer o quanto que Adú perdeu por não ter sido adotado.
Meus girassóis, não quero por meio deste texto lhe incentivar a adotar, mesmo que você queira ter filhos biológicos ou que o exercício da filiação não faça parte do seu projeto parental. Escrevo para você que deseja adotar, que sente o seu coração ficar com temperatura de leite quente antes de dormir quando pensa na ideia, mas que paralisa diante do medo quanto ao que a sociedade dirá, a sua família falará, se você será capaz de assumir essa responsabilidade e assim vai!
Eu digo a você, meu girassol: Pense nisso não! Se a sua sensibilidade lhe dirige a algo, se estruture e vá em busca disso, afinal é melhor viver do que sonhar, certo?
O Brasil é visivelmente cheio de “Adús”, ou seja, várias crianças cujos traumas não conseguem suplantar a pureza de alma e a meiguice do olhar. Abrace, portanto, o seu sonho. Viva-o. Exerça a beleza da maternidade ou da paternidade da forma como você idealiza, porque ninguém merece ser cosplay da vida dos outros, né?
Nem sempre é possível sarar toda a ferida de uma pessoa, mas com certeza o amor alivia dores, compartilha fardos e dá coragem a quem faz parte desse ato lindo!
Um beijo, meus girassóis!
Link da imagem: https://www.folhacg.com.br/na-poltrona-do-cinema-com-pedroka/adu-drama-que-une-3-historias-na-africa/
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