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Foto do escritorJacqueline Gama

ENVELHECER É MASSA!







Envelhecer? Essa palavra que tanto nos assusta, estaria hoje sendo ressignificada? O que é ser idoso na contemporaneidade? O que podemos fazer para melhorar a nossa qualidade de vida e chegar lá com saúde? Ser idoso é motivo de parar no tempo?

A velhice chega para todos, ainda que exista a indústria dos cosméticos e da plástica, mas quero andar na contramão dela aqui nesse texto. Sei que procedimentos estéticos frequentemente são feitos para aumentar a autoestima do sujeito ou melhorar alguma questão de saúde (deixando de ser apenas estético).


Não sou contra esses procedimentos, afinal cada um faz o que quer com o corpo, talvez – em certa medida, levando em consideração os riscos- até pudéssemos pensar na plástica como procedimento similar a tatuagem ou ao piercing, são intervenção na estrutura natural do corpo.


Apesar dessa indústria, existem pessoas que não seguem esse padrão estético ou se fazem não aparece de forma exagerada; trago o exemplo de ícones como Fernanda Montenegro, Laura Cardoso, Zezé Motta, Rita Lee, Ary Fontoura, Stenio Garcia, Gilberto Gil, Milton Nascimento, para citar alguns. Não podemos nos esquecer que a mulher é muito mais cobrada do que o homem em sua condição etária, ainda assim, vemos exemplo de vitalidade nos dois gêneros.


Alguns desses ícones da terceira idade têm feito lives nesse período de pandemia e tem aparecido em diversa plataformas digitais como whatsapp, facebook, instagram, tik tok, twitter, youtube, mostrando rotinas de exercício, opinando sobre o mundo ao redor, entrando em correntes de dancinhas, produzindo arte em geral. Fato é que são pessoas que mostram que estão vivas e ativas, quebrando aquela imagem do velhinho que só fica na cama ou que depende de alguém, como se estivessem incapacitados de serem sujeitos devido a velhice.

Muitos idosos, de fato, precisam de adaptações para sua mobilidade, mas não deixam de serem opinativos e ativos. Se gostam de ler, escrever, fazer cruzadinha, costurar, cozinhar, não se resumem a esses hobbies. Mas, ainda que só faça a coisa que goste, nesse fazer o sujeito demostra sua capacidade de escolha, de ser e estar no mundo. Então, se ser idoso antes era sinônimo de prostração, hoje devemos pensar no idoso como motivação.


Convivi e ainda convivo com muitos idosos e isso me mostra o quanto o ser mais velho, além de apresentar um baú de memórias, também tem esse contato urgente com a vida, por isso a importância das prioridades em filas, já que o momento é agora, a vida urge. Muitos idosos que conheço, ainda que sejam teimosos- na minha visão de jovem- conseguem se motivar para mundo e fazer parte dele, no conversar, nos hábitos, na rotina, comportamentos que muitas vezes faltam aos jovens de hoje.


A alegria da vida se reflete no sorriso senil, que não significa caquético, mas sim sadio. A alegria como adjetivo de vida é o que podemos aprender com muitos idosos, assim como cultivar os hábitos, ter uma rotina, estar junto e em movimento, físico e mental. Cuidar da vida e da sentido a ela, isso é o que tenho aprendido com os idosos que mais tenho apreço, apesar de tudo é preciso viver o instante e não se afogar em agonias, em problemas pequenos.


São questões que estão conosco desde os gregos, se pensarmos no hábito da escrita como forma de cuidado mental. Hoje temos a opção de fazermos terapia, meditar, praticar yoga, praticar inúmeras atividades físicas, e alguns dessas opções podem ser feitas através da própria internet, ferramenta que também está sendo utilizada pelos novos idosos.


Envelhecer não quer dizer parar no tempo, significa viver. Experimentar a vida. Envelhecer implica estar sempre constituído sonhos, para que se imagino um futuro melhor, esse futuro podem ser netos, uma viagem, uma casa de praia, um outro emprego, por que não pensar em uma outra graduação? ou no esporte que nunca praticou? Ou no livro que nunca escreveu?


O idoso pode nos convidar a outras experiências, seja na observação ou na vivência, podemos, então, pensar na velhice não como algo ruim, um fardo ou o fim da linha da vida, mas sim uma oportunidade de ver a vida por outro ângulo e aproveitá-la com a consciência das experiências adquiridas e essas memórias só serão possíveis se a fizermos, ou seja, fica a lição para todos nós: aproveitar a vida apesar de tudo, já que estamos em processo constante de envelhecimento.


A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer .

- Arnaldo Antunes-

Sugestão de música: Envelhecer- Arnaldo Antunes
Imagem da capa:<http://www.drfabianochaves.com.br/wp-content/uploads/2018/04/diabete-e-os-dentes4.jpg> 


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