top of page
Foto do escritorAlan Rangel

Eu sou do Centrão, taokey?



Leitores, volto depois de quase um mês. Continuo discutindo sobre o Brasil e sua aventura rumo a algum lugar.


Semana passada todos devem ter acompanhado o furo de reportagem do Estadão[1] que mostrou o ministro da defesa, o general (eles de novo?) Braga Netto, um bolsonarista atuante, que deveria se envergonhar da farda que veste, ameaçando a existência da próxima eleição, em 2022, caso o Parlamento não desse encaminhamento ao voto impresso.


Como sabemos, as eleições eletrônicas é o novo espantalho da extrema direita; é o inimigo a ser combatido, pois a política desta gente é da guerrilha, das pequenas guerrilhas diárias, fora e dentro das redes virtuais. É importante não esquecermos que Bolsonaro e sua trupe, reacionária e extremista, incrustrada lamentavelmente também em uma parte das Forças Armadas, é sempre a aposta na confusão, no caos, nos inimigos imaginários do povo, da pátria, da família, da religião. A velha paranoia de um mundo homogêneo e sem oposição.


Por que o arroubo autoritário e golpista de Braga Netto saiu assim na Imprensa? Foi do nada? Não, não foi. O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, foi quem mandou ou autorizou o vazamento da ameaça do chefe das Forças Armadas contra a Democracia e as instituições republicanas. Foi algo pensado. Lira, talvez o nome mais forte do partido informal do Congresso, o “Centrão”, ventilou, sim, esta notícia para a opinião pública, piorando ainda mais a imagem dos militares. O recado foi dado: “militares, vocês não sabem fazer política. Seu lugar é nos quarteis. Deixem, nós, os políticos profissionais, eleitos pela vontade popular, em paz. Deixem a gente continuar jogando com o presidente, ganhando mais verbas, cargos e influências. Deixem o nosso toma lá da cá, como de praxe, e continuem na boquinha de vocês. Já tá bom demais”.


Arthur Lira pode prometer apoio a Bolsonaro até ano que vem, impedindo processos de impeachment, quem sabe também abrindo as portas para seu partido, mas não embarcará no golpismo diário que o presidente faz. O capitão está tendo que engolir agora a possível e quase certa indicação de Ciro Nogueira, presidente do mesmo partido que Lira, o PP, para ministro-chefe da Casa Civil. Detalhe que Ciro responde a três inquéritos no STF, referente a propinas.


Acuado, Bolsonaro teve que dizer que sempre foi centrão, que este nome é pejorativo, que faz alianças pela governabilidade. Quem diria, hein, “mito”, parece que as instituições ainda te constrangem.


Gostemos ou não, o líder da Câmara, que pelo visto não é tão bolsonarista assim, está sustentando a Democracia, não porque morre de amor por ela, mas por autointeresse, por conveniência, não nos enganemos, mas, que, no fim das contas, tem um efeito secundário que mantém as regras do jogo do nosso tão contestado presidencialismo de coalizão.


Lira e o Centrão é do velho fisiologismo. Apoiam o presidente para ter benesses, e não por um alinhamento ideológico sólido. Ou Bolsonaro coopera ou então cai do cavalo. Sua popularidade está bem ruim ultimamente. E as ruas estão cada vez mais cheias, clamando “Fora Bolsonaro!”, da esquerda à direita democrática. Quanto mais isso ocorre, mais poder possui Lira para maximizar os ganhos da base governista. O capitão acaba virando mais refém.


Não é interessante para o centrão, pelo menos uma parte dele, apoiar qualquer tipo de golpe contra o Estado de Direito. Mas é claro que isso não impede a lenta degradação da república e da cultura democrática, vide os ideológicos que estão em alguns ministérios e secretárias do governo, Mario Frias, Damares, Milton Ribeiro, Sérgio Camargo e o próprio Braga Netto, que alias desfilou de moto novamente com Bolsonaro, domingo, 25 de julho[2]


Isso tudo acabará sujando a imagem de Bolsonaro e dos militares? Talvez sim. Pode prejudicar sua reeleição? Não sabemos, ainda estamos em 2021. A ver.



Link da imagem: https://www.folhape.com.br/politica/de-nata-do-que-nao-presta-a-aliado-centrao-explica-adesao-a/170903/


29 visualizações1 comentário

Commentaires

Noté 0 étoile sur 5.
Les commentaires n'ont pas pu être chargés.
Il semble qu'un problème technique est survenu. Veuillez essayer de vous reconnecter ou d'actualiser la page.
bottom of page