FEBRE DE (T)ZÃO!

Textículo (piegas) para ler ao som de “Papo de Edredom”, com Liniker

Tá quente esse verão, como todos os outros aqui em Salvador. A temperatura do seu corpo ferve como em ebulição. Chego a ouvir o “pac pac” da tampa que treme com a água que já derrama. Você transborda tesão. Exala pelos cantos mais escondidos e me deixa em estado de desejo. Sua pele é tão macia que escorrego nela com língua e dentes. Vou te marcando com saliva e marcas diversas. Ouço seus gemidos e tremo de tesão. Conheço cada canto do seu corpo pelos meus dedos e boca.

Seu cheiro é agridoce, mistura cítrica com suor. Tem gosto gostoso! Tempera com a delicadeza com que você vai se abrindo, inteiro, entregue e su-a-ve-men-te. É quando olho nos olhos, cor de jabuticaba, dengosos e traiçoeiros.  Você é um ordinário! Desestrutura-me e fisga-me com o anzol do seu tesão. Eu fico perdido, sem saber por onde seguir. Meu corpo quer explodir e gritar de tanto prazer. Você vem e canta trechos de “Papo de Edredom” afundando seus olhos em mim. Cantarola no meu ouvido enquanto rebola sentado em mim.

É uma espécie de meditação: só penso em nós naquele instante. Somos capazes de queimar a cidade inteira. Seus gemidos rasgam a madrugada de segunda. Enquanto eles acordam para trabalhar, a gente se molha de prazeres nossos e diversos. Eu te falo coisas, você me diz outras e a gente treme, sente, geme.

Agora seu corpo está aqui, suado, esparramado no chão de ardósia encharcado de tantos diversos fluidos. Aliso seu corpo com meus dedos, olho você inteiro, seus olhos de jabuticaba e vem a pergunta para mim: “O que foi? Por que você está me olhando?”. Nunca sei responder a esta sua pergunta. Seus olhos de jabuticaba? Seu corpo repousado do prazer? Só sei que você é um verão inteiro por onde quero passear, derreter e queimar em cima de um edredom.

Fonte da imagem: https://www.instagram.com/p/DEGQ7A8R-qh/?igsh=MW00bzdtbWllNW5yZg==