Com a chegada do fim de ano, o Instagram é invadido por trends (tendências) que nos convidam a relembrar as coisas boas que aconteceram nos últimos meses. Uma das mais populares deste ano traz a frase: "Como vou ficar triste esse ano se...", seguida pelas conquistas pessoais de cada um. Não há dúvida de que celebrar vitórias é importante. Todos nós merecemos um momento para reconhecer o que deu certo. Mas, honestamente, fico pensando: por que parece tão difícil incluir no discurso que o ano também teve momentos complicados?
Seja na minha timeline ou na de outras pessoas, o que aparece são listas de realizações que muitas vezes soam como ostentação: viagens internacionais, bens materiais, promoções no trabalho. Claro, para quem conquistou tudo isso, é válido compartilhar. Mas o problema é o impacto que isso causa em quem não teve um ano tão produtivo ou não alcançou metas importantes. Como será que essas pessoas se sentem ao ver esse desfile de perfeição? Frustradas? Insuficientes? Parece que estamos perpetuando a ideia de que só quem tem grandes conquistas pode "validar" o ano.
Essa cultura das redes sociais, que só destaca os momentos felizes e as vitórias, acaba gerando um tipo de positividade tóxica. É aquela ideia de que devemos ser felizes e gratos o tempo todo, ignorando as dificuldades e os desafios. Mas a vida não é assim. Dificuldades fazem parte da jornada, e admitir isso não é negatividade – é humanidade. Quando olhamos para o ano que passou, é essencial lembrar que os tropeços e perrengues também nos ensinaram algo. Eles moldam quem somos e nos ajudam a crescer.
Se eu fosse entrar nessa tendência, minha versão seria diferente. Sim, 2024 foi difícil. Tive dias complicados, momentos em que duvidei de mim mesma, e situações que não saíram como eu esperava. Mas também consegui realizar coisas importantes. No final, o que mais vale é que chego ao final do ano com saúde, o que já é uma grande conquista. E tudo o que não deu certo? Bom, faz parte do pacote da vida.
Essa necessidade de mostrar perfeição nas redes sociais muitas vezes nos desconecta da realidade. Não precisamos esconder os dias ruins para valorizar os bons. Pelo contrário: são esses contrastes que tornam a vida autêntica. Então, ao olhar para o que vivemos em 2024, que tal sermos mais honestos com nós mesmos? Reconhecer o que foi bom e o que foi difícil, sem medo de julgamentos ou comparações. Isso não só tira o peso das expectativas irreais, como também nos ajuda a encarar o próximo ano com mais equilíbrio e verdade.
No fim das contas, o que importa não é o que você compartilha nas redes sociais, mas como você se sente sobre sua própria trajetória. Nem todo dia será incrível, e está tudo bem. Celebrar a vida real, com todas as suas imperfeições, é o que nos aproxima uns dos outros e nos faz mais humanos. Afinal, viver é isso: altos, baixos e a coragem de seguir em frente. Que 2025 venha com menos pressa de impressionar e mais espaço para a sinceridade.
Fonte da imagem: Canvas.
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