INTELIGÊNCIA EMOCIONAL - O HYPE DO MOMENTO
- Laís Albuquerque
- 10 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

Estar terapeutizado é o hype do momento. Precisamos todos atingir o nirvana adquirindo/aprendendo/desenvolvendo a INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.
Só o nome me incomoda! Porque parece que a ideia é racionalizar as emoções, considerando então que a dimensão racional e a emocional são dissociadas. Coisas do ocidente, não é mesmo?
E existe uma narrativa construída para o que seria ser uma pessoa emocionalmente inteligente, que está gerenciando as emoções de uma maneira equilibrada. O problema é justamente esse conceito de equilíbrio. Porque, em uma sociedade neoliberal e por consequência patologizante, a fuga do padrão é sempre considerado um desequilíbrio.
Por exemplo, se uma pessoa gritar em uma situação de violência estamos mais dispostos a dizer “está perdendo a razão”, “você está se descontrolando”, “você precisa manter a calma”, do que admitir que essa é uma reação válida diante das circunstâncias. A tendência é considerar o grito uma manifestação de loucura, porque nessa lógica o ideal seria controlar, dominar e não deixar o sentimento fluir.
Parece que a raiva, tristeza, inveja, rancor e outros sentimentos considerados negativos, precisam ser o tempo inteiro amenizados e gerenciados, como se não fossem emoções tão humanas quanto a alegria. E quem disse que é negativo?
Em outros casos, existe uma expectativa que a pessoa inteligente emocionalmente tenha um retidão moral, sem contradições, sem confusões emocionais… O discurso narra um super ser humano, praticamente inabalável: “nada tira minha paz”, será que não tira mesmo?
Afinal, o que é ser inteligente emocionalmente?
Acho que em algum momento todos nós teremos que implorar por permissões que deveriam ser uma regra:
Me permita estar triste, me permita sentir raiva, me permita não ser coerente o tempo inteiro.
Me permita acolher as minhas contradições, as minhas hipocrisias, as minhas falhas.
Me dê o direito de nem sempre estar bem sem que isso altere o fato de que eu sou uma pessoa feliz.
O que poderia ser mais feliz do que o direito de viver plenamente a experiência humana?
Parece que estamos sendo privados do sentir, do falhar. Que precisamos falar em tom aveludado ou reagir de maneira diplomática em todas as situações. O choro é tão humano quanto o riso. O grito é tão humano quanto o abraço. O perdão é tão humano quanto o rancor.
VAMOS SENTIR.
Se sentimos é porque estamos EXISTINDO.
Imagem by FREEPIK
Excelente forma de compreender a realidade. Grato pela partilha!
Ótima reflexão!
Após ler o texto a vontade que dá é de gritar e liberar todos os sentimentos ao mesmo tempo.Obrigada Laís!!!! Texto lindo e extremamente nescessário. bjs