Fevereiro! Uh, Uh, Uh. As festinhas, os bloquinhos e os pré-carnavais já começaram e com ela uma enxurrada de fantasias. Carnaval é essa festa linda que prega diversidade, alegria e liberdade! Mas, não vamos confundir esse direito de expressão livre com o direito de pregar o ódio.
Infelizmente, fantasias ao mesmo tempo que tem a capacidade de divertir tem esse efeito de ferir a identidade do outro. É o caso das fantasias “blackfaces”, quando uma pessoa não negra se pinta ou veste uma roupa que remeta ao tom de pele negro, a mais famosa é a da “nega maluca.” Mesmo que a pessoa ache que esteja homenageando alguém a fantasia tem um cunho racista.
Esse também é o caso de se fantasiar de etnias não fazendo parte delas, por exemplo, se vestir de indígena sem ser um ou de uma pessoa amarela, sem ser uma. Afinal, quando isso é levado para o contexto de carnaval toda uma cultura passa a ser desrespeitada, a ser levada na brincadeira, fomentando estereótipos, principalmente ali no contexto de um bloquinho.
Imagina se você é baiano e uma pessoa no bloquinho em São Paulo se veste com uma sunga ou um biquíni colorido, usa uma rede como adereço e uma placa escrita (baiano/baiana). Você não se sentiria desrespeitado por ser representado com estereótipos? Todo baiano é preguiçoso e praieiro? Então, essa seria um representação xenofóbica, por que reproduzi-la? A mesma representação xenófoba ocorreria se uma pessoa da Bahia vestisse uma touca e uma camisa do Corinthians e uma placa que dissesse que era paulistano? Isso representaria todas as pessoas de São Paulo?
Essa é a mesma lógica das fantasias que reproduzem algum grupo étnico, alguma cultura ou algum gênero. Por exemplo, muitos homens se vestem de mulheres no carnaval, mas tem atitudes misóginas e transfóbicas no dia a dia.
Um homem se vestir de mulher não é uma simples brincadeira, e no carnaval possui dois cunhos, o primeiro de muitas vezes esse homens se comportar de uma forma a imitar uma mulher trans, não levando a pauta transgênero a sério e do outro a de ser misógino com as próprias mulheres cis, porque ser mulher é muito mais do que usar roupas femininas e se maquiar. E essas fantasias majoritariamente reproduzem uma ideia de feminino completamente sexualizada e sexista, envolta na objetificação da representação da mulher.
Outras fantasias também perigosas são aquelas em que reproduzem algum tipo de profissão, como enfermeira, bombeiro, policial, sexualizando também esses setores e levando na brincadeira a importância desses profissionais. Por último, e não menos importante estão as fantasias de cunho religioso, o uso de turbantes, de burcas, de quipás, de batinas, de hábitos também podem ferir essas religiões e seus seguidores. Você gostaria que desrespeitassem a sua fé? Se não, não desrespeite a dos outros usando fantasias.
Dito isso, seja criativo/a/e use fantasias de seres fantásticos, de animais, de objetos, de frutas, de astros, de flores, mas lembre-se sempre que existe um outro ali que compartilhará a festa com você, então respeite e seja respeitado tanto no seu comportamento quanto na sua fantasia. Opte sempre por roupas leves, protetor solar e muita água (mineral)! Use camisinha e lembre-se que não é não (principalmente se você for homem), assédio é crime e você pode ser preso por isso durante a folia.
Curta com consciência!
Ética, empatia e respeito não tiram férias, não é? Muito menos no carnaval!!
Já escrevi um texto sobre esse assunto e tenho outro ponto de vista. É sempre importante dar esses recados,embora tenha uma outra avaliação.