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LACAN, BAHÊA E ALEGRIA





*Por Everton Nery e Emerson Nery


Em Lacan, a realidade humana é composta por três planos entrelaçados: o simbólico, o imaginário e o real. Essa trindade pode ser exemplificada de um jeito muito interessante via uma partida de futebol, de maneira especial quando pensamos e sentimos a presença e pertença de um um time como tal como o Bahêa.


Iniciamos, pois, pelo simbólico e neste plano, tendo o Bahêa como protagonista vamos nos ajeitando e “entrando em campo”. No caso do Bahêa, sendo ele um time de futebol, este está representado pelas regras que todos precisam adotar para que o jogo posso ocorrer em toda a sua dinâmica. Essas regras, que vão desde a forma do campo até os movimentos aceitos para cada jogador, formam a base estrutural desse esporte, que tanto provoca emoções. Seja no Bahêa, assim como em qualquer outro time, o conceito de "goleiro", por exemplo, é construído pela sua função dentro dessas regras — defender o gol com as mãos, algo que os outros jogadores não podem fazer, pois o uso das mãos só é possível pelo goleiro e no interior da grande área, pois ao sair desse lugar o goleiro somente pode tocar a bola com os pés, tal como qualquer outro jogador. O simbolismo do jogo constitui as ações e o significado do que cada jogador pode ou não fazer em campo, e o mesmo vale para o Bahêa quando entra em campo respeitando as regras do futebol, que são reguladas pela IFAB (International Football Association Board).


Ao nos defrontarmos com o segundo plano desse entrelaçamento, no caso o imaginário do Bahêa se constitui no jeito como as regras ganham forma e identidade via os jogadores e suas respectivas posições em campo. Mais do que um time, o Bahêa é símbolo de uma história de conquistas, lutas e representatividade. Seus jogadores são mais que peças no jogo; são ídolos como Bobô, referência de artilharia e habilidade, ou Gilberto, que de modo recente se destacou. Podemos ainda dizer de um quarteto no meio de campo do time atual, formado por Jean Lucas, Caio Alexndre, Cauly e ele, o craque Everton Ribeiro (o nome Everton se faz presente e isso me deixa muito feliz). O goleiro que destacamos aqui é Emerson (outro autor desse texto). Só estamos a tratar de craques (Rsrsrsrssrs ...). Seja o goleiro, o atacante ou o zagueiro — cada um deles é afeiçoado não só pelas suas funções, mas pelos significados que o torcedor do Bahêa projeta neles. Podemos conceber um jogo de futebol em que as mesmas regras fossem mantidas, mas as cores e a mística do time fossem outras. No entanto, o imaginário que envolve o Bahêa está profundamente e alargadamente, ou seja, tanto verticalmente como também horizontalmente enraizado no orgulho, altivez e sensatez de ser tricolor, tanto no espírito combativo e na paixão da sua imensa torcida, como também na rotina, na ligação visceral entre um clube e cada torcedor tricolindo e tricolinda.


Já o real do Bahêa, tal como em outros times, temos o conjunto de fatores imprevisíveis e aleatórios que fogem tanto das regras quanto da narrativa arquitetada do jogo. Desta forma temos: a chuva que cai sobre a Arena Fonte Nova; a forma física e também técnica dos jogadores no dia; a ação e explosão da torcida que lota as arquibancadas com o grito de "Bahêa!"; o drible; o gol; a comemoração (tanto em campo, com na arquibancada; o desvio inesperado da bola que pode transformar um chute qualquer em um gol histórico, como aquele gol aos 47 minutos do segundo tempo que pode salvar o time do rebaixamento ou levá-lo a um trinfo épico. O real é o que ocorre quando o Bahêa enfrenta desventuras em campo — seja uma contusão repentina de um jogador chave ou a brusca euforia de uma virada no placar.


Assim, o Bahêa, trazendo Lacan como torcedor, é composto desses três planos entrelaçadas: as regras simbólicas que estruturam o jogo, o imaginário que dá forma e sentido às figuras em campo, e o real, que introduz o inesperado e a possibilidade de transformação a cada passe, cada gol e cada emoção que nasce da paixão tricolor.


Podemos assim dizer (sem titubear ou duvidar) e nos colocando com todo vigor a gritar e cantarolar: Bora Bahêa Minha Porra, pois, Eu quero é like!


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*Everton Nery Carneiro. Docente da Universidade do Estado da Bahia. Pós-Doutor em Educação (UFC); Doutor e Mestre em Teologia (EST);


*Emerson Nery. Graduado em engenharia mecânica, ciências contábeis e biologia.




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