* Por Catarina Alcantara
Todos nós sabemos que os programas de tv, no afã de lucrarem com anunciantes e audiência, buscam o sensacionalismo como modo de construção das matérias como um poderoso indutor. Para isso, utilizam vários recursos, muitas das vezes apelativos, para angariar a atenção. Ora, para exemplificar o que foi dito, buscou-se, pesquisar nos programas "Que Venha ao povo", "Se Liga Bocão" e "Cidade Alerta" recursos. Entre os principais, destaca-se a supervalorização do noticiário policial, exploração de tragédias familiares, suicídio, jargões, preconceito racial e de gênero, e até mesmo manchetes fantasiosas, que induzem a uma realidade que não existe.
A primeira grande constatação deste texto é que o sensacionalismo nos programas de televisão é uma realidade presente, embora tenha-se observado uma redução considerável na utilização dessa linha editorial por alguns veículos nos últimos anos. O sensacionalismo esteve presente nas chamadas dos principais programas de televisão diários durante os dias de pesquisa e observação. Se observarem bem algumas edições do programa QVP, por exemplo, mostram o enfoque policial disparado, contra notícias de comunidade, de saúde e de política.
Quando o sensacionalismo não vem explícito nas falas, vem explorado em fotos, desenhos, infográficos, filmagens, etc, todos muito apelativos e provocativos. O recurso das matérias e links externos, por serem visuais, são muito mais impactantes do que a fala do apresentador pois remetem o fato direto ao fato, dispensando qualquer tipo de descrição. A utilização de fotografias e filmagens chocantes de tragédias e assassinatos é uma tática bastante utilizada pelos jornais sensacionalistas porque trabalham com a curiosidade do leitor que acaba preso ao programa até que a notícia vá ao ar.
Assim, conclui-se que, o sensacionalismo permanece nessa dualidade eterna, desde a opinião dos grandes autores até o fato realmente consumado onde observa-se que ele favorece os receptores da informação, levando com uma linguagem simples e acessível a notícia em si. Mas em contrapartida vem a alimentação da violência, sexo, tragédias e personagens com histórias tristes, que é onde se observa essa fixação do telespectador, explanada na teoria da personalidade de Freud. A teoria afirma que essas notícias são tão enaltecidas por conta da alimentação do ID, fazendo com que os telespectadores se identificam com aquilo que é proposto devido aos seus instintos animalescos, os instintos do inconsciente, esquecendo até dos julgamentos de certo e errado construídos ao longo da vida e presentes no Ego e no Super Ego do indivíduo. Eles enxergam na televisão uma extensão do seu próprio íntimo, e assim acompanham fervorosamente esse tipo de proposta.
Então apesar da diminuição contínua ao longo dos anos, desde da aplicação dos mosaicos, as mudanças no Código de Ética dos jornalistas e a mudança da forma exagerada de demonstração para uma maneira mais disfarçada de “sensacionalisar” as matérias, a imprensa baiana como tantas outras no país deve analisar e construir meios de veiculação de notícias mais benéficos, para que futuramente não se precise de tanta exploração das mazelas do dia-a-dia para a obtenção de lucros e audiência.
Respeitando assim o ser humano, sua necessidade e principalmente a sua dignidade.
* Jornalista baiana. Modelo plus size.Instagram : @catarinasalcantara
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