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RITA ASSEMANY - ATRIZ COM A MAIÚSCULO




A primeira vez em que vi Rita no “palco” foi com o espetáculo A Casa da Minha Alma. Era uma programação do Teatro XVIII. A peça ocorria na casa de ensaio que ficava ao lado do teatro. Rita entrava em cena pelo hall de espera, saia na rua, convidava todos a entrarem na casa e trancava a porta. E era subindo aquelas escadas/palco que ela ia nos conduzindo por um caminho denso, tenso e altamente sensível.


Rita Assemany é uma Atriz baiana, com A maiúsculo mesmo. Eu já tinha ouvido falar dela, quando passava na TV a publicidade de Oficina Condensada. Mas, infelizmente, naquela época ir ao teatro era impossível por diversas questões que não cabem aqui. Rita é uma artista que atravessa seu espectador. Ela tem uma presença de palco contagiante e extremamente magnetizante. Os olhos crescem, dançam, fecham, lacrimejam e ao mesmo tempo “sente” o público. Ela sabe de tu-do que acontece por ali.


As mãos flanam leves ou pousam sinceras, mas por vezes são ariscas e pulsantes. Seu corpo amalgama-se ao personagem, e este nos transporta para um lugar de fantasia e verdade. Quem é Rita naquela hora? Um cavalo que conduz personagem e plateia em uma narrativa/texto inteligente e cheio de minúcias – como cabe a escrita de Aninha Franco, responsável por muitos dos textos interpretados por Rita no teatro.


Rita não tem medo no palco. Ela cavalga sem cela, mas com técnica e apuro. Sabe a medida, sabe que o transbordar deve ter acuidade. Técnica e emoção se enredam e conduzem a um espetáculo que enlaça, por vezes abraça, em outras parece um soco – Surf no Caos, apresentado algumas vezes na República_AF (casa de cultura que fica no Pelourinho), é um desses exemplos.


Profissionais sempre se reinventam ao longo da sua história. Não é diferente para Assemany, que esteve presente na série Justiça 2, da Globoplay, como a personagem arisca, perversa e humorada, Ingrid. Lá estava a intensidade, a destreza de uma Atriz que sabe se ser, estudar e mergulhar no personagem. Há tantos outros momentos de sua atuação brilhante nas telas como em Abril Despedaçado, Central do Brasil, Entre Irmãs, Depois do Universo, no maravilhoso curta Ode, entre outros. E em breve na série Máscaras de Oxigênio (não) Cairão Automaticamente.


Um dia tive oportunidade de falar para Rita do que A Casa da Minha Alma fez em minha vida. Sim, na minha vida, foi coisa grande. Acontecimentos que somente mulheres/Atrizes encantadas ocasionam. Já havia escrito um e-mail (coisa daquela época rsrs) sobre o impacto. Depois falei. Foi emocionante. E essa mesma grandiosa Atriz se mostrou para mim humana, afetuosa, cuidadosa, preocupada com o outro, delicada. São muitos adjetivos possíveis.

A arte tem esse poder, apesar de alguns cafonas acharem bobagem. Ela provoca e possibilita transformações diversas. Uma Atriz tem esse poder (e responsabilidade) de atravessar vidas e dar-lhes plataformas. Estas elevam e possibilitam que se alcance lados as vezes impossíveis do viver. Isso porque a arte se conecta com a emoção e com as mais profundas fantasias e desejos de todos nós. Ela é das entranhas, seja para fazer o bem ou não.


Rita é essa artista, que vai conduzindo. Que vai seduzindo com jeito e cuidado. Entre texto, voz, corpo, luz, câmera e palco, ela vai provocando uma alquimia. Separa, une, empurra e instiga. Vai com suas personagens diversas devolvendo narrativas de sentido do viver para a plateia. Talvez ela nem faça ideia das tantas vidas que carregam cicatrizes por conta da sua atuação. É isso, Rita Assemany é uma Atriz baiana, com A maiúsculo mesmo, pois somente Atrizes deste naipe são portais de pensares, sentires e também de silêncios.


FONTE DA IMAGEM


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