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Sertanejo X Verbas Públicas: É muito Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê pra gente engolir.



Não fico chocado, nem abismado, nem surpreso quando um artista sertanejo abre a boca pra falar algumas fezes. A partir de uma colocação do cantor Zé Neto em um show no interior do Mato Grosso do Sul, abriu-se uma caixa de pandora investigativa sobre acertos financeiros entre prefeituras e profissionais do entretenimento. Neto disse durante sua apresentação que ele não precisava “tatuar o toba” para fazer sucesso e que não dependia da Lei Rouanet pra se sustentar. Porém, lucrou 400 mil reais nesse mesmo show, com verba da prefeitura. Isso desencadeou reportagens sobre altos cachês e investigação do Ministério Público sobre esses pagamentos exorbitantes com verba pública. Os mais robustos foram pra Gustavo “Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê” Lima.


Primeiro, esse remi-remi em torno da Lei Rouanet, que no entendimento tosco de alguns, lá pelos idos de 2015, tornou-se um banco federal pra bancar artistas esquerdistas que mamam nas tetas do governo. Essa norma existe há 30 anos e tem como dispositivo a aprovação de um projeto artístico que leva o proponente a captar recursos junto à iniciativa PRIVADA para custear o que havia sido aprovado. Em contrapartida, o financiamento é abatido do imposto de renda do mecenas. Ou seja, é uma parceria junto a empresas e empresários, e não verba que sai diretamente do Tesouro Nacional para o bolso do artista, como a ignorância ideológica escancara. Em busca de um retorno mais garantido para o investidor, os nomes mais renomados do mercado terminavam por abocanhar os maiores recursos financiados. “Ah, mas não deixa de ser verba pública”. Bem, renúncia fiscal pra isentar empreendimentos de pagar impostos em troca de geração de empregos também é! E em volume muito maior! E um espetáculo financiado por essa lei também não movimenta economia, acarretando mão-de-obra? É necessário falar sobre isso enésimas vezes, sempre quando começa a eterna ladainha em torno das regras de incentivo a cultura.


Em março o secretário de Fomento à Cultura sugeriu utilizar verbas da Rouanet para patrocinar projetos pró-armas! Recentemente, o livro “A História das Armas no Brasil” foi lançado com “dinheiro público” de quem? Da inescrupulosa Lei Rouanet! Algum Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê sobre isso por parte desses artistas?


Sobre a contratação de cantores por parte de prefeituras, o MP de Roraima vai analisar o fato da gestão municipal de São Luiz – município de 8 mil habitantes – ter acordado um cachê de 800 mil reais para Gustavo Lima (ou seja, cada morador pagou 100 reais para o Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê rolar). Na cidade, 32% dos habitantes vivem em extrema pobreza. Também receberia 1 milhão e 200 mil reais da prefeitura de Conceição do Mato Dentro. Mas o negócio, além de rentoso, é sério: essa turma parece crer que dinheiro de prefeitura não é público! O cantor Sérgio Reis afirmou exatamente isso: “dinheiro da prefeitura não é público”. Provavelmente, sai do bolso do prefeito, com o suor de seu rosto, um verdadeiro cidadão de bem, que faz a festa como bom pagador de impostos.....


Pra colocar ainda mais lenha na fogueira, subindo as labaredas do Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê polemista, o humorista, comediante e apresentador do programa The Noite postou uma defesa de Gustavo Lima. Afirmou que toda essa celeuma só está rolando porque Lima não vota nem em Lula, nem em Freixo, e que a mídia “passaria pano” se fosse um desafeto do atual presidente recebendo essa verba.


Bom, não vejo problemas em prefeituras bancarem artistas, nem sou “sertanejofóbico”. De fato, movimenta a economia local, o comércio lucra bem, visitantes se deslocam para o local do evento, moradores acompanham espetáculos que normalmente não passariam por lá em turnês. A questão é: existem esquemas fraudulentos que possibilitem cachês tão vigorosos, oriundos de prefeituras com arrecadações que não permitam tamanho gasto? Há lavagem de dinheiro? Quem estaria envolvido? As produtoras dos artistas têm alguma conivência nesses contratos? A coisa caminha mais ou menos por aí. É patético que essa situação vire um cabo de guerra, como se tudo se resumisse a um ataque de acordo com seu lugar nas trincheiras ideológicas espalhados pelos campos culturais.


Houve até comparações. Os cachês da Virada Cultural de São Paulo foram colocados ao lado dos valores pagos por prefeituras a sertanejos, pedindo investigações sobre essas contratações, já que os artistas da virada seriam “rouaneteiros” de mão cheia. Nem vou aqui entrar em discussão sobre um festival programado por uma das maiores cidades do mundo em confrontação com singelos interiores país afora. Chega de Tchê-Tchê-rê-rê-Tchê-Tchê por hoje!


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