Você marca um “date” – palavra “nova” para falar de um encontro com possibilidade de uma relação a ser estabelecida. Você se apronta, até porque a melhor impressão, dizem, é a que fica. Você investe energia e dinheiro. Sim, tem o deslocamento até o local, o dinheiro do sorvete, cinema, restaurante, refrigerante, da paçoca etc. Você avisa a um amigo próximo, alguém da família ou alguém de confiança – é sempre recomendável fazer isso. Envia a localização. Você cria expectativas. E enfim, você chega ao local do encontro!
É justamente nessa etapa que as expectativas podem ser as mais fantásticas ou as mais frustrantes. Claro que depende do quanto foi projetado para esse momento. Há os que sonham com casamento e já vão nessa intenção – um tanto precipitado, mas... Há os que querem um namoro, os que querem alguém para receber um presente no Dia dos Namorados e postar nas redes sociais, os que estão lá sem saber o porquê, os que estão saindo de um relacionamento e querem se aventurar. E há os que querem apenas um momento de sexo e ponto final.
A questão é que com os aplicativos de relacionamento, esse processo do sexo tem se tornado mais objetivo. As pessoas já vão nesse desejo e muitas vezes já alinharam antes. Esses mesmos aplicativos mudaram a forma de ocorrer os chamados “dates”. Geralmente se chega sabendo um pouco da outra pessoa, pois do aplicativo geralmente segue-se para o Insta ou Tik Tok. Por vezes para o WhatsApp. E é nesse momento que cada um fala um pouco mais de si, troca-se fotos e gostos, nudes, desejos, intenções e fantasias. Fala-se por vídeo também. Não que todos sigam esta ordem ou passem por essas etapas, mas é o que geralmente ocorre. As expectativas ganham um alto calibre neste momento.
Mas voltemos ao momento do encontro. Primeiro: as pessoas podem se decepcionar de imediato ao ver o outro. E aqui começam as frustrações e digamos, “sacanagens” (não no sentido sexual da palavra) diversas. Há aqueles que vêm a pessoa de longe e vão embora, de-sa-pa-re-cem! Não respondem mais mensagens ou atendem ligações. Há os que enfrentarão a situação. Chegarão, falarão com a pessoa, mas serão frios e indiferentes. Também desaparecerão em seguida. Há os que terão um bom encontro, mas depois pensarão melhor e verão que não dá para seguir. E, claro, os que seguirão com sucesso.
O fato que é que não existe receita para “date”, há dicas e tal, mas o ideal é que existam acordos entre as pessoas. É preciso deixar claro para o outro o que pode ocorrer, o que desejamos ou não e quais as nossas limitações. Por exemplo, a escolha do local levará em conta a situação financeira dos envolvidos. Fazer sacríficos para um encontro que pode não dar certo talvez seja um passo na loucura. Se a pessoa deseja “relacionamento sério” – um conceito que merece ser discutido – deve deixar isso claro. Se quer somente sexo também. E importante: deixar esclarecido que pode não dar certo, que a “energia pode não bater”, que a química pode não ocorrer e está “tudo bem”. Ninguém é obrigado a seguir uma relação por imaturidade emocional do outro.
A questão é que grande parte das pessoas não possuem coragem de falar dos seus sentimentos e limites. E isso ocasiona os “ghostings” – pessoas que somem sem dizer “tchau” – e machuca muita gente. É preciso ser empático. Por mais que tenha sido uma decepção de “date”, o respeito deve ser premissa necessária e acoplado a isso uma comunicação transparente e fluida.
É preciso que se tenha consciência que expectativas existem e em decorrência disso, frustrações são comuns. Quanto maior a subida da escada da expectativa, maior a queda. Talvez tentar equilibrar isso seja algo importante. E também entender que se o outro não gostou de você, desapareceu, bloqueou de todas as redes, falou que não gostaria de seguir adiante, é um problema dele. Sabemos que não é fácil lidar com esse “abandono”, mas se faz necessário criar musculatura emocional e passar a não enxergar a vida como nas comédias românticas hollywoodianas – nada contra, ok? Afinal, o primeiro respeito e encontro que devemos ter, é com nós mesmos.
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Ótimo texto!
Tema muito bom!
Texto refletivo...