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Foto do escritorCarlos Henrique Cardoso

STF: Supremo Tribunal da Fé

E o nome de André Mendonça, advogado geral da União e pastor presbiteriano, foi aprovado como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Senado da República. O que mais chamou atenção na sua indicação teria sido o fato de ser cristão. Foi, talvez, o principal motivo de sua indicação: satisfazer tanto a “Bancada da Bíblia” no Congresso como os interesses do próprio presidente Bolsonaro ao optar por alguém “terrivelmente evangélico”. Óbvio que inclinação religiosa está longe de ser critério para um guardião da Constituição, porém, isso tende a ser bem comum.


Os evangélicos devem ultrapassar os católicos em número de seguidores a partir do ano de 2032, ou seja, dentro de aproximadamente dez anos. Tem algo importante a notar nessa transição. É que membros de muitas denominações costumam expor sua doutrina e deixar clara sua fé, motivo de orgulho em seguir a Palavra e as vontades de Deus. A visão de mundo é baseada no Novo Testamento bíblico, salmos e passagens que volta e meia são utilizados pra justificar opiniões e discordâncias. Suas perspectivas aparecem em discussões sobre aspectos pedagógicos, planejamento familiar, direitos para população LGBTQIA+, projetos culturais, etc. E o crescimento desse contingente adentra as instituições e movimentos políticos, trazendo novos entendimentos sobre a conjuntura política e social.


Com isso, será comum evangélicos em corporações jurídicas. Alguns com pensamento mais sectário, outros nem tanto. O que esperar de André Mendonça no STF?


Ele se manifestou contrário à possibilidade de gestantes interromperem a gestação em casos de fetos com microcefalia causada pelo Zika vírus, afirmando que seria um ato de “segregação das espécies”. Mendonça utilizou trechos da Bíblia para defender a abertura de templos durante a pandemia, afirmando em plenário do Supremo que “os verdadeiros cristão não estão dispostos jamais a matar por sua fé, mas estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião e de culto”. Alguns juristas acreditam que ele deve manter posições conservadoras quando a pauta versar sobre costumes. Poucos se convenceram, durante a sabatina no Senado, de sua defesa da Carta Magna. Mas o nome dele foi aprovado. Depois de jurar seguir apenas a Constituição na Corte Suprema, ele comemorou a indicação afirmando que foi “um passo para um homem, e um salto para os evangélicos”. É esperar pra ver.


São muitos, no entanto, os cristãos que discordam dessa fé extrema nos meios políticos e jurídicos. Alguns deles denominam-se “protestantes”, ao invés da utilização do termo “evangélicos”. Sugiro que o termo “evangélico” esteja eivado de preconceitos e tendências e sujeito a generalizações de pensamento. Já conversei com alguns interlocutores que, mesmo sendo protestantes (ou evangélicos) participavam de manifestações do catolicismo por entenderem que o cargo ou ocupação de liderança que exerciam transcendia sua doutrina. O entendimento sobre isso deve partir de cada um ou de um movimento específico, talvez.


O título desse artigo pode ser uma hipérbole, não estamos caminhando para um STF dogmático. Todavia, recapitulando, o crescimento do número de evangélicos é real e eles participarão cada vez mais das discussões da pauta nacional, abrigados em nossas instituições republicanas e acadêmicas. Isso é fato.


FONTE:





IMAGEM: Site O Popular


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