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Foto do escritorJacqueline Gama

TALIBÃ: A MÍLICIA NO PODER


A dominação do Talibã, grupo miliciano que segue a Sharia, uma corrente extremista do Islã, afastou o Afeganistão da democracia. Apoiado por um discurso religioso fundamentalista, eles acabaram com a democracia do país, ascendendo uma ideologia contra os direitos humanos, principalmente relacionado as mulheres.


Segundo a política do Talibã que é movida pelo discurso religioso fundamentalista, as mulheres não podem estudar nem trabalhar, precisam sair com o rosto coberto e só podem circular ao lado de homens. O não cumprimento dessas regras pode acarretar: apedrejamento público, amputação de membro, estupros e até mesmo a morte.


Toda essa doutrina retrógada e a retirada de direitos causou um desespero imenso na população. Imagina ser mulher nesse país, ser homossexual ou simplesmente não concordar com essas leis? Não é atoa que muitas pessoas têm tentado sair do Afeganistão sem nenhum recurso e em condições precárias.


Algumas imagens foram extremamente chocantes. Um homem caindo de um avião, após ter se pendurado na fuselagem. Pessoas se amontoando em trens de pouso (e morrendo) tentando entrar em aeronaves. E milhares de afegãos aglomerados em um cargueiro (que é feito para transportar coisas e não pessoas).


Exercendo a empatia, penso na aflição, no medo, no choque, na tristeza, no desespero, no pânico que essas pessoas devem estar sentindo e, sentiram, principalmente no ato de tentar sair do país a qualquer custo.


Me colocando no papel de uma pessoa que estuda o impacto das imagens na história, penso que esses registros precisarão ser mostrados, vistos e revistos, para lembrarmos o que acontece quando deixamos uma milícia a solta, quando colocamos armas na mão de pessoas extremistas e que acreditam na tortura, no estupro e na morte como solução.


Também, esses registros históricos nos lembrarão que quando financiamos um grupo, principalmente por motivo torpe e egoísta, como ser contra o investimento do país em políticas sociais e políticas igualitárias, podemos estar criando um mostro muito pior e impossível de ser contido.


Gostaria de lembrar que quem financiou a Al Qeada e o Estado Islâmico, foram os E.U.A, para combater a Invasão da União Soviética no país. Claro que a União Soviética matou muitas pessoas com o regime do socialismo real, mas não vou entrar nessa seara porque o buraco é mais embaixo e o assunto aqui é outro.


Quero focar no papel dos E.U.A, que sempre quis exercer o papel de Superman, Capitão América ou simplesmente de xerife do mundo. O planeta é a taberna dos Estados Unidos e os países do Oriente Médio e da América Latina são os seus grandes empreendimentos.


Não é novidade que um dos interesses dos E.U.A é o petróleo do Oriente Médio e o Venezuelano. Mas o ponto que quero chegar aqui é: a partir do momento em que os E.U.A deu armas a grupos rebeldes, esses cresceram e se voltaram contra o próprio país que o financiou. Talvez o país nortista tenha achado que aconteceria algo parecido com o ocorrido aqui na América Latina no que tange as ditaduras militares, que foram financiadas por eles.


No caso da Al Qeada, do estado islâmico e do talibã, as criaturas se voltaram contra os criadores. Não é atoa que o atentado do 11 de Setembro, mudou as políticas nacionais, em especial os E.U.A e refletiu em uma onda xenofóbica e de intolerância religiosa enorme no século XXI. Daí a importância de salutar que esses grupos que dizem seguir o Islã não representam a ideologia islâmica, pensar assim é reduzir pessoas e a própria complexidade religiosa.


Hoje, não é mais interessante para os Yankees manter tropas no Afeganistão, custa caro, tanto monetariamente quanto em relação a integridade física e mental dos soldados. Porém percebe-se que o exército Afegão, anti- rebelde, que os E.U.A diz que treinou, não foi o suficiente para combater a milicia do talibã.


O discurso de Joe Biden foi o do desinteresse do exército afegão em defender o próprio país, mas, me pergunto se realmente foi isso ou se eles não tiveram de fato um bom preparo, armas de qualidade e um boa quantidade de pessoas para essa defesa.


Também penso que os E.U.A poderia ter acionado a comunidade internacional para que outros países pudessem enviar soldados e assim ter uma transição mais gradual dos soldados estadunidenses, permitindo, inclusive, a possibilidade de um preparo maior para o exército Afegão, anti talibã.


Fato é: o que poderia ser não temos como controlar, porque as decisões já foram tomadas e a história está acontecendo. É bem provável, ou praticamente certo, que a crise imigratória aumentará bastante com os refugiados afegãos e, o fato de estar residindo em outros países também afetará essas pessoas que não têm mais terra, casa, escola, direitos.


Para as pessoas que ficarão, em especial as mulheres, o destino é fatal. Uma vida de opressões, uma vida submetida, sujeitada, uma vida sem vida. Cabe agora a comunidade internacional tentar intervir de alguma forma e minimizar os estragos que virão, apoiando os imigrantes e, se possível, tentando resgatar pessoas desse regime extremamente opressor.


Os registros históricos podem ser cobrados lá na frente e soarão como um segundo holocausto. Se na segunda Guerra Mundial muitos países não interviram nos campos de concentração em prol da guerra e da defesa dos territórios, por que repetir a mesma atitude e não salvar vidas? O que vale mais agora: a autonomia do grupo extremista ou a vida e a liberdade de seres humanos?


IMAGEM DE CAPA:



REFERÊNCIAS


CNN. Ascensão do Talibã ameaça direitos conquistados por mulheres afegãs em 20 anos. Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/08/15/ascensao-do-taliba-ameaca-direitos-conquistados-por-mulheres-afegas-em-20-anos> Visto em: 20 de ago. 2021.


G1. Após Talibã tomar o Afeganistão, Biden defende decisão de retirar militares americanos. Disponível em: < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/16/joe-biden-discursa-sobre-tomada-do-afeganistao-pelo-taliba.ghtml> Visto em: 20 de ago. 2021.


G1. 'Não haverá democracia, a lei é a sharia e é isso', diz comandante do Talibã. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/08/19/nao-havera-democracia-a-lei-e-a-sharia-e-e-isso-diz-comandante-do-taliba.ghtml> Visto em: 20 de ago. 2021.


Rolling Stone. Talibã, Estado Islâmico, Al-Qaeda: semelhanças e diferenças. Disponível em: <https://rollingstone.uol.com.br/politica/taliba-estado-islamico-al-qaeda-semelhancas-e-diferencas/ > Visto em: 20 de ago. 2021.


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