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TEATROCÍDIO NA BAHIA




Aconteceu no dia 12 de Agosto, segunda-feira, das 14:30 as 18 HS, a Audiência pública sobre a realidade dos atores e atrizes de Salvador com a escuta do vereador Sílvio Humberto. Estavam presentes os atores e atrizes, e suas diversas funções: Cássia Vale, Fábio de Santana e Sérgio Laurentino (os três do Bando de Teatro Olodum), Fernanda Paquelet do Coletivo 4, Eddy Veríssimo ( Cia A Outra Cia de Teatro), Heraldo de Deus, Fernando Marinho, diretor do SATED, e eu da recente Cia Sexta-feira de Teatro. Para esta audiência foi convidada também a SINAPRO Ba, Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia que não compareceu e não respondeu a emails. Nos reunimos para que fossem ouvidas as nossas infindáveis queixas, e chegamos a uma conclusão: Teatrocídio, termo cunhado por Fábio para resumir tudo. 


O dicionário Aurélio define homicídio como o ato de matar uma pessoa, quer seja de forma voluntária ou involuntária. É sinônimo de assassínio ou assassinato. A palavra homicídio é formada por homo (remete para homem) e cídio (que indica o extermínio ou morte). O Teatrocídio seria mais ou menos parecido, só que com o Teatro, com a capacidade de se fazer a arte do imaginário no palco. E sim, o Teatrocídio pode levar ao homicídio, ao suicídio, ao genocídio e outros tipos de mortes. Porque a vida é impossível sem arte. 


Muitos dos pontos que levantamos:


  • Falta de espaço para ensaio e apresentações de temporadas longas. 

  • Publicidade e propaganda muitas vezes tem situações humilhantes com cachês baixíssimos e condições insalubres 

  • Ações teatrais em shoppings com extensas horas de trabalho, e baixíssimos cachês que beiram 8 h por 100 reais com 10 minutos de descanso.

  • Ausência de um Teatro Municipal.

  • Ausência de programas voltados para diferentes profissionais da área, por exemplo, quem está começando, manutenção de grupos, artistas mais antigos. 


As queixas sobre o Teatro, audiovisual e congêneres são extensas. Poderia aqui reescrever tudo que já escrevi durante esse ano , mas sugiro que leiam os outros textos Para a nossa felicidade, contamos com a escuta do ator e atual coordenador da Fundação Gregório de Mattos George Vladimir. No final, pediu a fala e mostrou que estava disposto ao diálogo e trouxe algumas informações sobre editais da FGM e exemplos de realizações da prefeitura. Além disso, outros atores e atrizes como Josi Varjão e Jane Santa Cruz falaram no final e trouxeram seus comentários e retificações sobre o assunto. 


Antes dessa audiência, fizemos uma lista de reivindicações do grupo Casting sobre o Sated e o cenário das artes cênicas, que segue logo abaixo: 


  • Cachê teste obrigatório para testes de publicidade;

  • Proibição de exigência de informação da idade real na fase de testes de elenco (atores devem ser avaliados pela sua idade aparente), através de fotos e vídeos;

  • Criação de mais programas de incentivo estaduais e municipais para o teatro;

  • Exigir que o produtor de elenco informe para os atores o valor do cachê antes de fazer o teste, tanto no conteúdo quanto na publicidade;

  • Exigir que o produtor de elenco informe para os atores o período de veiculação de sua imagem no filme publicitário;

  • Que seja informado aos atuantes o resultado das seleções, para que os mesmos possam liberar suas agendas;

  • Exigir que o cliente (marcas/empresas) aceitem a nota fiscal do ator, sendo MEI ou ME para jobs na publicidade;

  • Podemos criar uma tabela de cachê tanto para conteúdo quanto para publicidade com base nos valores praticados em São Paulo. Podemos seguir a tabela mais atual contida neste doc de PAUTA REIVINDICATÓRIA do SATED SP: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1GumwvMaP5mQfNmb6VWY8iJDdWsVCTHSK

  • Criação de uma companhia de teatro municipal, residente no teatro Gregório de Mattos e também a reativação da cia do Teatro Castro Alves, assim como temos o Ballet do TCA e a OSBA em plena atividade, pelo estado e também outra cia artística no município, visando a geração de empregos para diretores, produtores e atores em Salvador. A companhia pode se dedicar a montar obras de autores nacionais e internacionais consagrados, anualmente, seguindo a lógica da OSBA, bem como abrir seleções para montagens de textos de novos autores;

  • Criação de uma lista trimestral onde produtoras e agências de elenco que não honram acordos, prazos de cachês e termos de compromisso fiquem inviabilizadas de ser contratadas principalmente para realizações de trabalhos públicos; 

  • Envio de notificação de empresas que fizerem ações quaisquer que desvalorize e/ou desprestigie os artistas (locais ou não) através do SATED, com o fim de frear e conscientizar (em primeiro momento) tais empresas;

  • Criação de uma ouvidoria sigilosa, estudar maneiras de coletar denúncias sem expor a vítima e/ou denunciante de prática que fira a ética profissional;

  • Criação de uma associação em massa para o sindicato 

  • Transparência e melhoria na comunicação do sated com plataformas de redes sociais e assessoria jurídica mensal;

  • Promover novas eleições para o SATED; até quando o acontece o mandato. 

  • Exigir que o produtor de elenco cumpra o cachê contratado independente do prazo de pagamento. Algumas agências deduzem do valor real contratado, alegando que pagam à vista, ou que o contrato não cobre os custos de agenciamento e só tomamos conhecimento da prática quando assinamos o contrato;

  • Ver o plano de aposentadoria para os atores;

  • Ter a casa dos artistas para os artistas idosos;

  • Construir assembleias de escuta da categoria frequente para reivindicações e comunicação de avanços;

  • Ampliar rede de parcerias e benefícios com o objetivo de atrair e/ou incentivar a permanência de afiliados;

  • Fazer editais com perfis mais diferenciados;

  • Pensar numa possibilidade de uma bolsa artista como tem o bolsa atleta;

  • Rever a direção dos teatros públicos e a duração de permanência deles no espaço. Limite de permanência; 

  • Melhoria dos equipamentos teatrais públicos e ampliação de novas unidades;

  • Criação de salas de ensaio adequadas e acessíveis;

  • Criação também de uma companhia da Sala do Coro;

  • Nas criações das companhias supracitadas, cria-se também um regimento que ampare de maneira efetiva todo o processo de criação e manutenção dos mesmos trazendo uma diversidade de temáticas, de público alvo, de equipe (elenco e produção) e afins.


O diretor da Sated Bahia, Fernando Marinho, trouxe um breve histórico sobre a luta sindical, falou sobre a falta de pagamento dos sindicalizados e o abandono geral da classe. Inclusive, relatou que podem a qualquer momento perder a sede. E por fim concluiu: “Se está ruim agora com a SATED BA, imagine sem ela…”


Tudo isso pode ser assistido no meu Instagram @gilbertoreys e no @sextafeiraaa (Cia Sexta-feira de Teatro). Há muito tudo isso que vocês leram já vem sendo ventilado e distribuído por nossa classe. A sensação é que ninguém nos escuta, que tudo isso é uma piada trágica, e que o nosso futuro é o fim. Mas, a luta deve continuar, precisamos chamar os políticos preocupados em cultura e desenvolver táticas de guerrilha para mudar os rumos dessa tragédia. Falando em tragédia não podemos esquecer de Hamlet, personagem de William Shakespeare: “tomai nota: que sejam bem tratados (atores), porque são o espelho e a crônica resumida da época.  Ser-vos-ia preferível um ruim epitáfio depois de morto, a andardes em vida difamados por eles”.


E como de costume seguem espetáculos e cartazes que estão para estrear:










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2 Comments

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Cara, e o mais revoltante é que tipo uns 90% das reivindicações é o mínimo, o básico que qualquer profissional deveria ter. Avante na luta...

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Muito bom.

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