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UM OLHAR PRELIMINAR DAS ELEIÇÕES DE 2024

Foto do escritor: Alan RangelAlan Rangel



Nas Eleições de 2024, do ponto de vista partidário, o PSD (Partido Social-Democrata), fundada em 2011, hoje liderado por Gilberto Kassab, que ajudou a fundar a legenda, foi o grande campeão dessas eleições municipais, com o maior número de prefeituras e o terceiro maior em número de vereadores. O partido passou o MDB (do saudoso Ulysses Guimarães), que, desde a nova república, liderava as prefeituras. Contudo, o MDB ainda manteve o posto mais alto de vereadores eleitos.


Ainda no campo das prefeituras, o PSB é o maior partido de esquerda do país, ocupando a sétima colocação, á frente do PT, que ficou em nono. A cara do Brasil mostra questões bem pertinentes sobre a relação esquerda-direta. Os primeiros seis partidos que mais elegeram vereadores estão na direita ou centro-direita (MDB, PP, PSD, União Brasil, PL, Republicanos). O primeiro partido de esquerda é o PSB, em sétimo, e o combalido PT, em oitavo. Por que o PSB subiu tanto nos últimos anos? O prefeito mais votado do Brasil, João Campos, em Recife, é do PSB. E o PDT, de Ciro Gomes? Encolheu demais.


Por que o PT tem estagnado, apesar do aumento tímido de prefeituras no Nordeste? O partido não levou nenhuma prefeitura nas capitais, apesar de ainda disputar quatro cidade no segundo turno [1] A situação do maior partido da América latina, em termos de filiação, precisa ser questionada. O modelo de enraizamento político- social tem fracassado.


Os resultados mostraram que o pêndulo do Brasil continua bem à direita. Quais as lições podem ser tiradas dessas eleições de 2024, mesmo antes do resultado do segundo turno?


1 - A esquerda, no agregado, no atacado, tem que começar a repensar no tipo de política que vai continuar tocando. No campo dos valores, não há possibilidade de continuar disputando com a direita, sobretudo com candidatos que representam ideais da extrema direita (que apresentam promessas fáceis, como o pânico moral). Partidos de centro-direita e direita estão cheios de reacionários e extremistas que apelam para os valores, e usam muito bem a rede digital. Essa é uma batalha, aparentemente, perdida para os progressistas.


2 – A esquerda precisa retomar as bandeiras tradicionais, materialistas, que atacam a estrutura social-econômica, mirando o capitalismo e suas sequelas, mas dialogando com a metamorfose das novas relações de trabalho. Deixar claro que o problema não é o Estado social, mas o sistema econômico.


Compactuar com o status quo, para agradar a elite econômica liberal, como tem feito o PT, está sendo um tiro no pé. Por exemplo, é preciso apontar que o problema da violência urbana, da falta de moradia digna etc., é efeito do capitalismo e seu sistema perverso. O povo deve entender melhor esse linguajar.


3 - É necessário à Democracia retomar a importância do espírito republicano e cidadão, de caráter mais coletivo, e menos individualista, no sentido liberal de ethos do indivíduo empoderado. Um exemplo muito simples: como o dinheiro dos impostos está sendo utilizado, em termos de eficiência e eficácia, para a população? Essa é uma preocupação republicana.


4 - Repensar o modelo de curral eleitoral das prefeituras Brasil afora. A lógica é despesa de dinheiro de famílias e máquinas partidárias, ameaça, perseguição e todo tipo de clientelismo localista. Em médias e pequenas prefeituras, a gestão deveria ser estadual. Mas isso é uma mudança profunda. Aqui não é o espaço para falar sobre.


5 - Os partidos têm servido cada vez mais para dar abrigo para figuras populares, intelectualmente toscas, mas com discursos disruptivos - outsiders. A lógica de sobrevivência das legendas desconsidera muitos valores da Democracia, e abrigam aberrações políticas.


Por fim, esses indivíduos, candidatos e eleitos, não têm trajetória ou carreira política; não apresentam projetos de longo prazo, ou mesmo desconhecem, tecnicamente, aspectos da burocracia estatal e do fazer política institucional. Mas o povo não quer saber disso. Os eleitores querem alguém que prometa romper, “tocar fogo no sistema”, “acabar com a mamata”, “glorificar o povo de Deus”, "livrar os cristãos da ideologia de gênero“. Nesse ponto, vejam o programa do candidato mais votado em São Paulo, Lucas Pavanato.


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Notas:





51 visualizações2 comentários

2 Comments

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Guest
Oct 08, 2024
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Boa análise

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carlosobsbahia
carlosobsbahia
Oct 07, 2024

Texto didático. Surgiu um debate durante a apuração neste pleito sobre a responsabilidade dos partidos em lançar candidatos como Marçal. Qualquer ação deste,deve respirar na legenda que o adotou. Uma boa discussão.

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