Talvez seja por medo. Você é de fugir e não assumir que fugiu, inventa dizeres que seu eu do futuro há de concordar. Ele concordará por um tempo enfadonho. Mas quando você percebe que foge do que quer para aceitar o que te oferecem, tudo muda. Qual a última vez que você escolheu que alguém passasse a ser parte de sua vida sem que isso acontecesse de repente? Nos últimos meses tenho percebido um quê de reflexão no ar. Toda minha energia estava centralizada naquilo que me foi e está sendo oferecido e, mesmo sabendo que aquilo pode até não ser tão ruim assim, não é o que eu quero. Para olhos de outros, o que eu quero pode até parecer o pior. Mas está aí o grande encalço: eu escolho o que é melhor ou pior pra mim.
Não adianta. Podem gritar, espernear, chorar e ameaçar. Eu posso até me assustar e fugir por uns meses, mas o que eu quero está lá e eu vou voltar pra buscar. Não preciso julgar minha falta de coragem do passado, mas observar o crescimento da certeza que fundamentou toda a ideia de que isso, ou melhor, de que ele não era algo passageiro, mas sim, motorista. (Alguém aí pegou a referência?) Nunca em todos os meus estudos de caso alguém se saiu tão bem. Nossos pais têm a mania de achar que nos conhecem tão bem quanto um geógrafo conhece planícies. Eles acreditam saber o que fará bem ou mal para nosso desenvolvimento psicossocial, com quem devemos nos relacionar, com quais tipos de pessoas podemos ou não conversar. E o mais barato é que isso não acaba na adolescência, o que seria ótimo, mas continua na vida adulta.
Todos aqueles estigmas de padronização criados e soterrados sobre preconceitos explodem como um vulcão quando se há uma primeira impressão fora do esperado. Eu não tive culhão pra lidar com isso a um ano atrás. Porém, lá em 2017, eu tive. Não é uma questão de maturidade, entende? Não é questão de ser corajosa no passado longínquo, menos corajosa do ano passado e ter redobrado a coragem de uma hora pra outra em 2023. É só sobre visualização e perspectiva.
Acredite: você é capaz de tomar decisões muito mais ousadas do que você está acostumado a fazer ultimamente. Eu peço que reflitam com muito carinho: o que você está fazendo hoje lhe foi oferecido e aceito, ou você está fazendo por que é algo que quer? Em qualquer aspecto da sua vida. Faça essa pergunta em cada um dos aspectos: acadêmico, profissional, familiar, amoroso e até financeiro. É isso mesmo que você quer?
Se não for, meu bem, eu te digo com muita tranquilidade: Eu sei que deve estar confortável externamente. Eu sei que o ego está tranquilo por estar recebendo aprovação alheia. Mas eu também sei que tem algo aí dentro machucando você, te dizendo que poderia ser diferente “se”.
Não se prenda à crença de que acabou. De que não há mais meios de melhorar, de mudar, de recriar. Você pode fazer o que você quer agora. Você pode se colocar como prioridade e esquecer os julgamentos alheios. Você pode ser feliz de acordo com sua verdade. Com a verdade que está aí: vívida em seu coração e que ninguém, eu repito: ninguém pode tirar isso de você. É tua essência. Não fuja disso. Eu vivi fugindo por anos e, sinceramente? Talvez tivesse aproveitado muito mais a vida se tivesse me aceitado exatamente como eu sou desde o início.
Assim seria mais simples.
Eu ameiiii!!! A referência do motorista foi ótima kkkkkk