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Foto do escritorEquipe Soteroprosa

VOCÊ SABE QUEM FOI TERESA DE BENGUELA?

Neste sábado, 25 de Julho, foi comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Dia das Tulipas Negras, isso sou eu que estou dizendo, porque para mim somos todas Tulipas Negras: lindas, intensas e poderosas. Mas você sabe por que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, na referida data?


Há 28 anos, um grupo de Pretas definiu que a solução para a desigualdade só poderia surgir da própria união entre mulheres. Em 1992, foi realizado o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, surgindo neste momento a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. Desse encontro nasceu o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha.


No Brasil, em 2014, a ex-presidente, Dilma Rousseff, sancionou a lei nº 12.987 estabelecendo a data de 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.


E você, sabe quem é Teresa de Benguela?


Teresa de Benguela deveria estar nos nossos livros de História. Símbolo de resistência, ela se transformou em líder do Quilombo do Quariterê, depois da morte do seu marido, José Piolho, que foi assassinado por soldados do Estado. José Piolho foi o primeiro líder deste quilombo.


Também conhecido como Quilombo do Piolho, estava localizado ás margens do Rio Quariterê, ou Piolho, um afluente do Rio Guaporó, no Mato Grosso. Território de difícil acesso, se encontrava entre a atual fronteira do Mato Grosso e Bolívia. O Quariterê é considerado um dos mais expressivos dessa região pela consistência da sua organização. Segundo documentos da época, no lugar habitava mais de 100 pessoas, entre povos originários e negros.


Teresa governava o Quilombo e estava bem assistida de índias e negras que colaboravam ativamente, desafiando o sistema escravocrata português. Ela criou uma espécie de Parlamento para a organização do Quilombo, coordenou um sistema agrícola para abastecer seu povo, e foi além: Benguela criou um sistema de defesa através da troca ou resgate de armamento.


Não se sabe ao certo a causa da sua morte, em 1770. Alguns dizem que foi suicido, outros execução ou doença.

Todavia, o mais importante de tudo isso, é que a Rainha Teresa de Benguela e o Quilombo Quariterê retratam o caráter interétnico nos espaços quilombolas, que favoreceu a sobrevivência dos que lutavam contra o sistema escravocrata e a força da mulher em épocas remotas.


A verdade é que no dia 25 de julho, gostaria apenas de reverenciar as minhas ancestrais que sempre lutaram por equidade. Porém, essa data também é para lembrar que devemos continuar batalhando se quisermos eliminar as desigualdades e as discriminações. Porque olhando para o presente, ainda vemos uma distância imensurável no que se refere a direitos entre brancos e negros. Somos metade da população brasileira. Somos 200 milhões de descendentes na América Latina e no Caribe (segundo a Associação de Mulheres Afro). E somos os que mais sofremos com a pobreza.



Referências:


https://www.geledes.org.br/as-origens-do-dia-da-mulher-negra-latina-e-caribenha/

https://www.geledes.org.br/tereza-de-benguela-uma-heroina-negra/

https://www1.ufrb.edu.br/bibliotecacecult/noticias/220-tereza-de-benguela-a-escrava-que-virou-rainha-e-liderou-um-quilombo-de-negros-e-indios

http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1363526533_ARQUIVO_COMUNIDADESQUILOMBOLAS1.pdf.


Correção: Edileusa Saldanha, Iêda Gouveia


Foto: https://debenguela.com.br/noticias/tereza-de-benguela/



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