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A culpa da pandemia é sua, Rei Momo?

Na última terça-feira, 4 de maio, teve início a CPI da COVID, para apurar as responsabilidades do governo federal na falta de controle da pandemia que já matou 415 mil pessoas no país. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro a depor. Entre as perguntas dirigidas a ele, foi questionado sobre a razão em não ter sugerido a suspensão do carnaval de 2020, já que a festa tinha alto potencial de contaminação caso o vírus estivesse circulando – uma suspeita levantada até hoje. Mandetta respondeu que, naquela ocasião, apenas pessoas que tiveram contato com chineses foram monitoradas, não dando tanto prosseguimento a este debate.

Recordemos: a folia em 2020 ocorreu entre os dias 19 (abertura oficial em Salvador) e 25 de fevereiro. O primeiro caso confirmado se deu um dia após o seu término, ou seja, na Quarta-Feira de Cinzas, dia 26, um cidadão que havia retornado da Itália, país que naquela altura possuía grande número de infectados. Outros 51 casos suspeitos haviam sido descartados. Ou seja, oficialmente, não ocorreram registros de contaminação em território nacional antes da festa acontecer.

Os casos foram surgindo aos poucos, principalmente de pessoas que retornaram da Europa e empregados domésticos dessas. Municípios e Estados começavam a restringir a circulação de cidadãos. A primeira morte foi registrada em 17de março. Até então, todos os casos monitorados tinham origem de contaminação conhecida. Apenas no dia 19 foi decretada a transmissão comunitária.

Ainda sobre aquele período: 26 países tinham casos confirmados, 1.200 infectados e oito mortos (exceto a China). Segundo representantes da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), é possível que durante o reinado de Momo o coronavírus já estivesse pulando por aqui, mesmo em número pequeno. Mas vale ressaltar: o carnaval foi o ponto de partida para o caos que vivemos atualmente?

Entre o primeiro caso confirmado e a transmissão comunitária se passaram 22 dias. O período de incubação e manifestação dos primeiros sintomas gira em torno de 14 dias. Não foi documentada uma explosão viral de proporções aterradoras nesse intervalo vigente, como seria de esperar após uma festa que reúne milhões de pessoas em grandes metrópoles brasileiras. Porém, os especialistas da SMI concluem que o mais prudente seria o cancelamento do carnaval 2020 e reiteram a falta de barreiras sanitárias nos aeroportos. E aí os questionamentos vem à tona.

No mês de março de 2020, um cruzeiro marítimo repleto de estrangeiros passou por diversas cidades litorâneas, além de Chile, Argentina e Uruguai. Chegando em Recife, dois passageiros passaram mal e testaram positivo para COVID. A embarcação ficou atracada e ninguém desceu na capital pernambucana. No entanto, esses mesmos turistas saltaram em Florianópolis, Santos, Rio de Janeiro e Salvador. Com casos já confirmados nessas cidades, as autoridades portuárias deveriam autorizar o desembarque?


Nos aeroportos também houve pouca preocupação em barrar voos internacionais. Uma avalanche de visitantes e brasileiros oriundos de países europeus e EUA aportaram por aqui. E os casos foram surgindo paulatinamente. Pergunto: dá pra colocar a “culpa” em Momo? Ainda naquele momento, uma festa de casamento num resort em Itacaré, Bahia, resultou numa série de infectados.

Em 2021 não teve a famosa festa de rua de todo fevereiro. Mesmo com ausência de trios elétricos, frevo, escolas de samba, e bloquinhos, tivemos uma explosão de casos e vivemos o pior período, a chamada segunda onda. Em 36 dias, perdemos 100 mil vidas. SEM CARNAVAL! Tivemos eleições em 2020, com comícios e carreatas; viagens de fim de ano; pessoas morrendo asfixiadas em Manaus; UTI’s lotadas. E surge a pergunta: por que o carnaval de 2020 aconteceu? Lembrando que o atual governo falou em “imunidade de rebanho”, prevendo uma contaminação apoteótica para formação de anticorpos. Então pergunto: pra que cancelar a folia, se uma festa de rua por mês aceleraria essa imunização em massa? Que povo confuso, velho!

Claro que primo pela cautela, e a folia de 2020 poderia não ter ocorrido. No entanto, quais evidências palpáveis temos de que não viveríamos esse pandemônio se foliões ficassem em casa no ano passado? Os mais de 500 mil mortos nos EUA se devem ao carnaval de lá? As variantes se difundiram nos circuitos? Foi o Galo da Madrugada que não quis adquirir vacinas?

Mesmo assim, não deveria ter carnaval de 2020. Não deveria!! Eis o culpado.


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