ADULTIZAÇÃO, NÃO!
- Autor(a) Convidado

- 10 de set.
- 2 min de leitura

*Cristine Souza
O Brasil inteiro começou a prestar atenção maior a um fenômeno que já ocorria mas não tinha tido (a necessária) repercussão, até que o Youtuber Felca relatou no seu canal um vídeo viral (48 milhões de visualizações) que ele cunhou de "Adultização", que podemos descrever como a retirada brusca das infância das crianças ao jogá-las nas "performances" (comportamentos) apropriadas a quem alcançou a maioridade, como ter um relacionamento físico, dançar e cantar eroticamente, consumir bebidas alcoólicas, vender produtos inapropriados como jogos de azar, fora realizar os temidos e perigosos "desafios da Internet" que já machucou ou ceifou a vida de crianças. Muitos dos influenciadores denunciados por Felca mostram crianças e adolescentes nessas práticas.
O vídeo de Felca chocou o país e alertou (sabiámente) para o grave risco dessa ocorrência perniciosa e criminosa. Entidades públicas e civis, imprensa, mobilizaram seus agentes para iniciar rapidamente o inevitável debate público sobre o tema e virem a tomar as devidas providências para reduzir, inibir, e principalmente coibir e punir tais acontecimentos (e os respectivos responsáveis) que supostamente passava ao largo do conhecimento e consequente consternação social. Mas não. Abusos de crianças e adolescentes sempre existiram e sim, nossa sociedade permanece adoecida e, no mínimo, letárgica no seu papel para ação efetiva para proteger seus menores de idade, não só no âmbito virtual mas no dia a dia real, dentro dos lares, nas escolas, nas igrejas e tantas outras instituições. Uma triste e inaceitável realidade.
Temos o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), importante instrumento de proteção à estas pessoas em natural situação de vulnerabilidade, mas que precisa ser mais difundido, mais integrado ao nosso cotidiano e mais efetivamente usado socialmente. As escolas discutem e repercutem o ECA aos seus alunos,aos pais e à comunidade de apoio?
Centenas, se não milheres de notícias que envolvem meninas (mas meninos também) abusadas física e mentalmente, saem nos noticiários comuns (impresso ou virtual), fora o que acontece nas redes sociais - aplicativos precocemente usados por crianças e adolescentes - porque as plataformas enchem nossos celulares de imagens, às vezes corriqueiras, muitas vezes compartilhadas por seus cuidadores, mas que abastecem redes de pedofilia pelo mundo. Qualquer imagem aparentemente inocente transforma-se em um abominável álbum para abusadores asquerosos pelo mundo.
Todos precisamos nos responsabilizar - famílias, o Estado, a sociedade como um todo. Somos um país dos mais consumidores do ciberespaço no planeta. E as redes sociais, através das grandes empresas mundiais de plataformas de internet, devem ser plenamente incriminadas quando permitirem o incentivo, o lucro, a exploração e o desrespeito aos direitos da infância/adolescência. Isso é muito urgente.

*Cientista Social e redatora
FONTE DA IMAGEM: Portal Bons Fluídos



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