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As duas faces do brasileiro: o atleta e o pateta

Durante a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a equipe de transmissão fez uma aposta sobre o número de medalhas que o Brasil levaria na competição. Quase todos afirmaram que o país bateria o recorde da última Olimpíada, de 19 medalhas. Eu discordei, afinal, o país passou por momentos de isolamento e lockdown em muitas cidades e os centros de treinamento ficaram fechados por meses, o que dificultaria a preparação dos atletas. Em decorrência, achava que o desempenho seria inferior.


Ledo engano. O Brasil realmente superou as expectativas e levou 21 condecorações no pódio, sendo 7 de ouro, igual à Rio 2016. E conclui: brasileiro é realmente um bicho raçudo, que leva na luta e na bravura suas conquistas e realizações pessoais. No geral, ficamos na frente de nações que tiveram menos dificuldades em encarar a pandemia. Além da dificuldade em manter o preparo físico e o domínio da técnica nas modalidades em disputa, os atletas precisaram suplantar a saúde mental, em meio a perdas e danos dos surtos de COVID.


Nossos heróis, então... Com tudo isso colocado, ainda encaram a falta de patrocínio e locais inapropriados para manter a disciplina esportiva. O lançador de peso Darlan Romani foi para as finais nessa categoria do Atletismo realizando seu treino no quintal de casa! Em meio a entulhos e utilizando um colchão velho para se equilibrar. Afora percalços técnicos, tinham que manter a motivação, realizar dietas por conta própria, respeitar políticas de restrições para deslocamento, cuidar da família, e o agravante já citado: muitos pegaram COVID – quiçá formas mais graves – e outros ainda ampararam parentes doentes e viram amigos partirem. É muito revés pra quem precisa estar em um nível absurdo para encarar adversários com melhores condições e tradicionalmente vencedores em etapas passadas. No fim das contas, o resultado foi de tirar o chapéu.


Apesar da pecha do brasileiro em ser bravio e não desistir nunca, o outro lado da moeda comportamental não é nada louvável. A partir de 2013, boa parte da população foi às ruas e não queria mais sair, despertados pelas péssimas condições do serviço público e das maracutaias infindáveis do corpo político. E até as eleições de 2018 vimos manifestações cobrando uma drástica virada nos conceitos partidários e uma nova configuração parlamentar. Nas reivindicações, muita euforia misturada a ódio, raivas e ojerizas a alguns governantes.


Passada toda essa vibração pública, vimos uma transformação... O brasileiro considerou que encontrou o que desejava: uma trupe que “nunca roubou”, suficiente para que o país se encaminhasse ao progresso e ao crescimento, pois todos eram banhados de ética até a medula. Daí, amigos, tirem suas conclusões de toda aquela parafernália militante. Elegemos um presidente boquirroto, fanfarrão, arremedo de ditador e mentiroso contumaz. Sua equipe parece mais um elenco de programa de humor transmitido num sábado nebuloso e entediante. Se não bastasse, diversos formadores de opinião armaram a maior balburdia pra eleger o sujeito. Alguns romperam e estão pedindo terceira via, quase se eximindo de responsabilidades, enquanto outros continuam num desmedido apoio. E a população? Ainda dividida, apática, letárgica, após demonstrar uma tremenda empáfia em 2018. Surpreende muito quem ainda aprove esse oceano de relinchos presidenciais.


E nossas Forças Armadas? Batendo cabeça. Milhares estão no governo, ganhando além dos bons salários comissionados, sua pensão de reformados. Benefícios previdenciários diferenciados, bebendo cerveja e comendo picanha superfaturada, pudim de sobremesa, e contam com amparo dos cidadãos, como instituição mais confiável. Que beleza... Mandando cartinhas desafiando os poderes, elevando o tom, jogando querosene nas labaredas que saem da intestinal boca do chefe de estado. Como diz o dito popular “quitando símios”.


Porém, essas mesmas Forças Armadas quem mais apoiaram nossos atletas. Desde 2016 muitos medalhistas bateram continência no pódio, reconhecendo a contribuição dos militares em suas vitórias. Papel primoroso do Estado. Não vou aqui apenas jogar pedras. É papel militar apoiar bombeiros em resgate, doar sangue, auxiliar na reconstrução de rodovias destruídas, no resgate de desalojados em enchentes. Mas dar pitaco na constituição e no relacionamento entre os poderes? Ocupar posições no governo? Aparecer publicamente em paradas que ninguém se dava conta que ocorriam só pra entregar um simples convite? Acenar com simpatias a um baderneiro de quartel que a população enxergou como um messias encantado?


O brasileiro vem se comportando assim, como uma via de mão dupla. A determinação em conseguir um destino vitorioso e de esperança também é capaz de aderir a cada roubada... E ficar quietinho, quietinho. Em silêncio.


FONTE:






































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Gabrielle Torns
Gabrielle Torns
22 dic 2022

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