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Foto do escritorJacqueline Gama

Bolsonaro é o Barrabás do Brasil



O documentário ficcional Teocracia em vertigem é o especial de natal do Porta do fundos. Mais um ano o canal polemiza na comemoração natalina. O filme é uma referencia direta ao documentário de Petra Costa, Democracia em vertigem, que concorreu ao Oscar 2020.


Durante o filme do Porta há menções explícitas a escândalos protagonizados pelo governo atual, porém com os nomes adaptados para a mitologia bíblica: Barrabas é Bolsonaro. Também existem referências ao impeachment de Dilma Rousseff, temática principal abordada por Petra Costa no seu documentário real, explorada pela equipe de humor do Porta dos Fundos no vídeo ficcional.


A produção faz um jogo com o fanatismo ferrenho daqueles que condenaram Jesus e escolheram Barrabás. Adaptando para o contexto contemporâneo brasileiro, aqueles que condenaram Dilma, o PT e a esquerda em prol de um direita assassina, como o próprio filme menciona: "Barrabás é um assassino", ironicamente a personagem que afirma , completa: "mas quem não é hoje em dia?." Sem dúvida, a frase remete ao esquema de milícia que a família Bolsonaro está envolvida.


Outro ponto interessante sobre a trama é a construção da personagem de Jesus como gay. E a menção da possível segunda morte de Jesus se ele tivesse voltado, já que poderia ter vindo em um corpo de mulher, de negro, ou de travesti. Uma alfinetada direta à sociedade de bem que mata ou quer matar os grupos ditos minoritários, portanto, analogia com os seguidores do governo bolsonarista.


Importante dizer que o filme não santifica Jesus. Logo, ele seria um homem bom, mas não perfeito, teria angustias, contradições e reações, não seria passivo diante do mundo, poderia brigar. Ainda assim, mesmo sendo gente como a gente, ele seria visto como um bom homem. Não seria uma escolha muito difícil em comparação a Barrabás. Pensando no contexto brasileiro atual , a esquerda ainda teria sido uma escolha muito melhor do que Bolsonaro.


Essa antítese do tempo do ontem refletindo no hoje, proposto pelo documentário do Porta dos fundos, se encaixa nesse quase espelho de uma linha temporal, em uma lógica bem Darkiana. Nos mostra que a história se repete. Evoco Walter Benjamin em Teses sobre o conceito de história e Eduardo Galeano em Veias abertas da América Latina, quando eles nos dizem que é preciso conhecer a história para não cometer os mesmos erros. A história nos cobra e o filme nos revela.


Teocracia em vertigem atinge o desconforto de boa parte da população brasileira em assistir uma obra que se propõe subverter os dogmas bíblicos, ao mesmo tempo em que confronta os brasileiros em seu mais longínquo espelho, somos os romanos e elegemos Barrabás. Mas será que Jesus desistiu de nós?



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