Chamas do Destino é uma série curta transmitida pela Netflix cuja história se inicia a partir de uma tragédia, um incêndio, que resultou na modificação da vida e dos planejamentos de três mulheres: Alice, Rose e Adrienne.
Alice de Jeansin era membra de uma família falida e que tinha no casamento da filha com Julien de La Ferté, um homem de posses, a solução para o seu problema financeiro. Alice era uma jovem recatada, tímida, que mal abria a boca se não fosse provocada, cujo único objetivo na vida era ser uma mocinha gentil e doce.
Rose Rivière era uma mulher de hábitos simples cuja alegria consistia em planejar as felicidades da sua vida a dois com o seu par romântico: Jean Rivière. Rose era uma criada bastante dedicada que, inclusive, retornou para o prédio - jorrando chamas pelas portas, janelas, e telhado - apenas para resgatar a sua senhora (Alice). Ela conseguiu cumprir o se intento, mas foi empurrada em direção às chamas pelo noivo de Alice, sendo dada como morta.
Adrienne de Lenverpré era mãe, esposa de um homem poderoso e psicopata, vivia na alta sociedade e sofria os horrores mais surreais (e infelizmente um surreal que arrepia a espinha de tão real) em seu casamento. Era também apaixonada por um jornalista com quem planejava fugir.
Pois é, meus girassóis, até aqui vocês têm uma sinopse de quem eram essas mulheres para a sociedade, contudo a tragédia mudou o rumo de suas histórias.
Alice se apaixonou pelo homem que salvou a sua vida, um jovem anarquista, afinal o seu noivo almofadinha a largou para salvar-se. Ela lutou contra os pais, a sociedade, passou na frente dos seus medos, das ameaças com o objetivo de salvar o homem que lhe impediu de morrer e que estava sendo acusado de ter principiado o incêndio.
Alice, meus girassóis, não deixou de ser uma moça delicada e sonhadora para se tornar astuta e guerreira. Delicadeza não invalida determinação. As ditas (erroneamente) qualidades da mulher (delicadeza, gentileza...) não impedem que ela seja uma fortaleza.
O problema é que o machismo faz com que as mulheres sejam vistas como frágeis, por causa dessas características (quando estas realmente existem, afinal as mulheres não são feitas de um único molde. Melhor dizendo: as pessoas).
Meus girassóis, o raciocínio machista é destrutivo para os homens, pois o clube dos bolinhas o interpreta como sinônimo de gostar de outros homens (o que para um cara heterossexual pode ser desconfortável, rs) ou como cair no ostracismo do interesse sexual feminino. Assim como, o pensamento em questão é péssimo para as mulheres, pois algumas se sentem na obrigação de demonstrar um recatamento, que lhe é estranho, e outras investem num comportamento combativo, mesmo que a sua sensibilidade seja à flor da pele. Enfim, todos perdem!
Mulheres, não há problema em ser delicada e combativa, gentil e falar grosso. Nós somos plural. Aliás, como dizia Tia Arendt, minha amigona(rs), pluralidade é a lei da Terra, né?
Rose não morreu. Ela teve parte do corpo queimado, tornando-se praticamente irreconhecível. Ela foi encontrada por uma senhora, que havia perdido a sua filha na tragédia, e que resolveu substituí-la por Rose em virtude da semelhança física com a falecida. Isso para ludibriar a sua família e, desta forma, não ter que deixar a sua herança para o seu genro.
Rose acordou do coma, descobriu, lutou contra, foi dopada... Ela só queria voltar para Jean, a simbologia da sua vida deliciosamente simples, porém percebeu que nem Alice a reconheceu e, então, decidiu seguir o plano da sua mais nova mãe, afinal Jean não iria querê-la mais... Rose conquistou o amor do seu mais novo filho (que sempre soube da verdade, pois a reconheceu), matou o seu mais novo marido - homem desprezível- em legítima defesa, se casou com Jean (para todos os efeitos) e viveu sua vida deliciosamente simples com a herança da sua mamãe.
Rose não deixou de tomar decisões difíceis, de ser política, combativa e estratégica. Todas essas características estavam dentro da nossa personagem, que só precisava ter um motivo para virar uma leoa política. Rose, em verdade, aliou a sua simplicidade e humildade ao seu calculismo e força, sendo, portanto, uma mulher encantadoramente “da porra”. O que é perfeitamente possível, né, meus girassóis?
Adrienne fingiu que estava morta para planejar com calma o resgate da sua filha juntamente ao seu amor. Ela fugiu da polícia, viu o seu amado morto, se viu sozinha, teve medo por si e pela sua pequena, mas resolveu voltar para seu esposo a fim de descobrir um podre do passado dele que o arruinaria.
Conseguiu. Salvou-se. Venceu. A mulher acuada, massacrada, teve o sangue frio de retornar ao covil do seu algoz para derrota-lo de uma vez por todas. Ela se fez de submissa e arquitetou a derrocada do monstro com quem se casou de dentro da sua casa. Nem um pouco frágil, né?
Meus girassóis, me permitam mais algumas linhas para destacar os principais motivos, para que assistam a esta obra tão rica: romances de tirar o fôlego, tramas, política, tragédia, mangas bufantes e feminismo em cada episódio!
Um xerô, meus girassóis!
Link da imagem: https://pensenumanoticia.com.br/pense-quer-emocao-baseada-em-fatos-reais-assista-a-minisserie-chamas-do-destino-le-bazar-de-la-charite-disponivel-na-netflix/
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