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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ANTES E ALÉM DO CHATGPT: os algoritmos do cotidiano


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*Isa Mairy Tomé Oliveira Palmeira


Toca o despertador às 6h da manhã. Desperto, levanto, faço o desjejum. Banho-me, visto-me, verifico mensagens, consulto notícias, e saio para o trabalho. Recebo uma notificação em meu celular informando que há 70% de probabilidade de chuva em minha região, portanto trato de pegar o guarda-chuva. Ao sair, seleciono uma música para o trajeto, a qual o aplicativo, surpreendentemente (ou não), toca uma das minhas favoritas. Em 1h de rotina, há mais inteligência artificial do que se pode imaginar.


A (não tão) recente ascensão dos modelos generativos de inteligência artificial como ChatGPT nos deixou, ao mesmo tempo, inquietos e curiosos. Afinal, como lidar com uma interface que propõe realizar aquilo que, até pouco tempo atrás, era considerado atividade exclusiva dos seres humanos? Há aqueles que imergem nas possibilidades da IA para criações nas mais diversas tarefas; existem, também, discursos como “Eu não uso inteligência artificial”. E eu questiono: tem certeza?


Tomemos como ponto de partida a notificação que recebi em meu smartphone sobre o tempo. Para isso, ele precisou ter acesso à minha localização, bem como a fonte de dados de satélites ou radares, para então processar a informação, reconhecer padrões nesses dados e, por fim, prever probabilidades de chuva, temperatura ou ventos. Tudo isso materializado em um simples pop-up no canto superior esquerdo do meu celular. Não foi preciso um comando para consultar o tempo, tampouco uma solicitação direta minha, pois a IA se materializa além dos seus modelos generativos.


Na ida ao trabalho, aplicativos calculam rotas buscando evitar, convenientemente, congestionamentos e otimizar seu trajeto. Ao escolher uma música, por exemplo, esses mesmos algoritmos que mapearam dados climáticos e o melhor caminho para seu destino são capazes de analisar seu histórico de pesquisa musical para recomendar canções, ritmos, bandas ou artistas mais adequados ao que você escuta.


Na farmácia, ao cadastrar o CPF em busca de um desconto, recebemos um cupom com as nossas ofertas do dia. Coincidentemente – será? – são os produtos mais utilizados por nós que estão listados e, claro, não vamos perder essa oportunidade de economizar.


Nas redes sociais, há vídeos novos sobre assuntos palatáveis, notícias alinhadas com nossos posicionamentos e ideologias, sugestões e atividades que coincidem com nossos interesses. Algo (ritmo) organiza nossos perfis, seleciona os conteúdos convenientes e cria um ambiente que valoriza o comportamento e a interação do usuário.


E antes mesmo de desbloquear o seu smartphone para ter acesso a tudo isso, há IA, seja no reconhecimento facial para acessar o dispositivo ou ao inserir seu padrão de acesso. Portanto, leitor, é plausível questionar: estamos assim tão imunes à inteligência artificial? E tão importante quanto seria, talvez, refletir: essa “imunidade” é possível ou, sequer, necessária?


Reconhecemos que, enquanto seres humanos, somos também seres históricos, culturais e mutáveis. Nos adaptamos e readaptamos a tecnologia, e aqui não se trata apenas das interfaces digitais a nosso favor e sobrevivência. Conhecer e compreender a onipresença da inteligência artificial no cotidiano, bem como a base de seu funcionamento, é condição sine qua non do nosso processo de formação humana e catalisadora para abandonarmos vieses antropocêntricos. Sejamos cautelosos, de fato, mas não resistentes e, tampouco, negacionistas.



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*Graduanda em Pedagogia - UNEB Campus XV

Articuladora pedagógica e mediadora tecnológica no CEMIT do Baixo Sul - NTE 06

Técnica em Informática - IFBA Campus Valença



IMAGEM: Canaltech

2 Comments

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Guest
Aug 02
Rated 5 out of 5 stars.

Bom demais!!

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Guest
Jul 31
Rated 5 out of 5 stars.

Muito bom!

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