MINHA CAMISA DA SELEÇÃO SEMPRE SERÁ VERMELHA!
- Carlos Henrique Cardoso
- 2 de mai.
- 3 min de leitura

A polêmica da vez foi a notícia do portal Footy Headlines que divulgou imagens da suposta nova camisa da seleção brasileira para a Copa de 2026... de cor vermelha! Segundo o site, confeccionada pela Jordan, marca esportiva ligada à Nike, seria o uniforme número 2 – a principal continuaria sendo a amarelinha. Após toda uma discussão sobre o assunto, a CBF, de forma tímida, se pronunciou afirmando que as imagens não eram oficiais e que a cor da tal camisa estaria em desacordo com o Estatuto da instituição. Apesar do desmentido, chama atenção que a própria CBF não tenha rechaçado veementemente algo do tipo, o que leva a crer que haveria uma espécie de sondagem do próprio órgão por trás dessa proposta. Muitos avaliaram que era pura jogada de marketing: se venderia camisas a granel, por parte dos que consideram que a camisa tradicional está “manchada” ... observação pertinente. Tudo business.
O instituto de pesquisas Quaest, chegou a realizar uma enquete no qual 90% do público rejeitou esse provável novo uniforme. Futebolistas, ex-jogadores, e demais especialistas, todos, sem exceção, discordariam se a seleção entrasse em campo alguma vez com o padrão vermelho. Porém, mais do que a controvérsia, há aí muito de desavença política envolvendo a camisa da seleção.
Todo mundo sabe que a camisa da CBF virou representação ideológica de um certo segmento da população, o que fez com que o outro lado discordante politicamente deixasse de utilizá-la em público, pra não ser confundido com um alucinado chauvinista. E aí, surge esse imbróglio, com uma cor associada ao “comunismo”, em um ano eleitoral. Eita ferro!!
Bem, particularmente, considero que camisa de time ou seleção, para ser usada por anônimos, pode ser de qualquer cor – salvo quando a coloração não seja condizente com a equipe adversária. Isso é questão de personalização, atendendo a gostos pessoais ou até mesmo regras de mercado. O individuo quer uma camisa marrom? Tome. Roxa? Tá na mão. Ele não vai ser menos torcedor por isso. Nesse caso, a identificação está no brasão e na paixão pelo time. Um homossexual pode querer uma camisa arco-íris multicor, simbolizando o movimento LGBTQIA+; um outro, pode querer uma totalmente preta, associada à luta do povo negro. Um cidadão com a camisa vermelha da seleção, pode apontar alguma inclinação ideológica, vá lá, isso é até compreensível, visto a simbologia que a amarelinha assumiu pra certos grupos. Mas está no âmbito das preferências. Até aí tudo bem? Mais ou menos. Do jeito que as coisas estão, isso poderia trazer transtornos caso ele vá pra um estádio assistir o Brasil jogar, ou num bar. Infelizmente, pode soar provocativo e gerar um quebra-pau daqueles. Mas sob o ponto de vista pessoal, nada de grave.
Agora a seleção vestir OFICIALMENTE uma camisa de cor vermelha em campo? Aí não. Nesse caso, estou com quase que a totalidade do país. Em partidas oficiais, isso não teria lógica. Aí já entra uma questão séria de identidade. A seleção é conhecida como “canarinho”, em função da cor amarela. A Itália é a “Esquadra Azurra”; o Uruguai, a “Celeste”; o Chile, “La Roja”; a Holanda “Laranja Mecânica”. Tudo associada a cores. São padrões ligados à noção de nação. Algumas vezes, pode ser utilizada camisas de outras cores. O Brasil mesmo já jogou de vermelho em 1917 e 1936. Em 17, o futebol engatinhava por aqui e nem tinha sentimentos de brasilidade ainda. Em 36, a seleção não tinha um padrão definido ainda, estava tudo em construção. O Uruguai também já jogou de vermelho, por algum motivo que caiu no esquecimento. Alguns clubes, lançam camisas comemorativas com outras cores, tudo isso ligado a celebrações ou algum marco. “ah, mas é a camisa número 2...”. Não importa. Tira muito o foco da competição para valores outros. Nada a ver.
Mesmo seleções que possuem uniformes diferentes da bandeira do país, tem seus motivos pra isso, históricos, e isso compete a cada entidade responsável definir isso. Mas realmente, uma mudança drástica como essa considero fora de cogitação. O jornalista Flávio Gomes até comentou que muito em breve a seleção terá seu primeiro técnico estrangeiro e que isso possa indicar uma série de transformações futuras. A ver.
E eu? Usaria uma camisa vermelha da seleção provando meu “esquerdismo”? Admito que nunca fui um torcedor ardoroso da seleção, nunca tive a amarelinha, e as vezes que usei durante copas do mundo foram reproduções fornecidas com algum material publicitário, nada demais. Portanto, não é agora que vestiria uma camisa da seleção brasileira, seja a pigmentação que fosse. Já tenho minha seleção (BBMP!). E reitero: Copa do Mundo é pra ser jogada em campo, sem estilismos, nem novidades no figurino. Isso é futebol, e não uma São Paulo Fashion Week!
FONTE:
IMAGEM: Carmo Web TV
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