NISAR: o satélite revolucionário que vê tudo. Mas e se os dados virarem armas?
- Jessika Alves
- 26 de ago
- 2 min de leitura

A NASA acaba de anunciar o lançamento do satélite NISAR, fruto da inédita parceria com a ISRO, representa um salto tecnológico impressionante para o monitoramento do planeta Terra. Equipado com o radar mais avançado já enviado ao espaço, o NISAR promete varrer quase toda a superfície terrestre e glacial a cada 12 dias, trazendo dados importantes para entender desastres naturais como: terremotos, deslizamentos, derretimento das geleiras, inundações e até mudanças causadas pelo desmatamento e pelas queimadas.
A inovação técnica é inegável. Com o tamanho de uma caminhonete, o sistema duplo de radares, com diferentes bandas e comprimentos de onda, oferece uma sensibilidade e precisão sem precedentes. Segundo o site oficial, o sinal de cada sistema é sensível a diferentes características na superfície da Terra e cada um é especializado em medir teor de umidade, rugosidade da superfície e movimento.
Tudo isso é fundamental para estudar uma variedade de condições naturais da superfície, como a quantidade de umidade do solo disponível para a vegetação ficar estável ou se o solo cede ao longo do tempo. Especialistas afirmam que o sistema é capaz de detectar desde grandes mudanças até variações minúsculas na vegetação. A cobertura inédita da Antártida e a capacidade de penetrar nuvens para monitorar desastres climáticos em tempo real são avanços nunca vistos para a ciência e a gestão ambiental.
No entanto, essa conquista deve ser vista com olhos críticos e conscientes dos desafios que permanecem. Em meio a tantas promessas de dados precisos e em tempo real, a questão que fica é: como esses dados serão efetivamente usados? Monitorar desastres naturais e mudanças ambientais é essencial, mas a resposta a esses alertas depende dos interesses políticos envolvidos. Tais informações de mapeamento terrestre, se utilizadas de forma incorreta, podem prejudicar nações inteiras.
Por fim, o NISAR é um poderoso instrumento, mas ele é apenas uma parte do quebra-cabeça. É imprescindível que governos, sociedade civil e comunidades científicas estejam preparados para transformar esses dados em ações concretas, que previnam tragédias e promovam a sustentabilidade do planeta. Sem essa articulação, toda essa revolução tecnológica pode acabar reduzida a um belo satélite girando no espaço, servindo a interesses particulares.
FONTE:
NASA’s most advanced radar ever will track earthquakes, landslides, and ice loss from space." ScienceDaily. ScienceDaily, 4 August 2025. <www.sciencedaily.com/releases/2025/08/250804081310.htm
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