NOVAS HABILIDADES COGNITIVAS E SOCIAIS
- Camila Braga Andrade

- 28 de set.
- 2 min de leitura

Uma das questões que me chamou a atenção no vídeo encontrado no seguinte link (https://www.instagram.com/reel/DLsN3cSsSDs/?igsh=MWtybXllaGxuaGs0MA==) refere-se ao uso de tecnologias. O apresentador, cuja identidade não foi informada, afirma que o uso constante dessas ferramentas pode, no futuro, prejudicar até a coordenação motora fina – um aspecto do desenvolvimento descrito por Piaget. No entanto, tenho certa resistência em aceitar essa premissa.
Acredito que a tecnologia representa um caminho sem volta: tende a se aprimorar continuamente e, nesse processo, possibilita a emergência de novas habilidades cognitivas e sociais, sem necessariamente provocar a perda daquelas já conquistadas pelos seres humanos. Do ponto de vista das Neurociências, a plasticidade cerebral favorece a reorganização de conexões neuronais, permitindo que diferentes competências sejam desenvolvidas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas.
Um exemplo concreto de benefício é a economia de papel e a ampliação do acesso à informação. Em minhas experiências docentes recentes, os estudantes passaram a realizar atividades utilizando seus próprios celulares: eu disponibilizava um QR Code no quadro, que os direcionava a sites específicos com leituras e tarefas. Apesar do suporte digital, a escrita manual não foi abandonada: cada aluno produzia em seu caderno os apontamentos que julgava relevantes. Isso reforça a ideia de que a tecnologia não substitui práticas tradicionais, mas amplia possibilidades de aprendizagem.
Concordo com Pretto (2013), quando defende que a escola deve se abrir para a cultura digital, compreendendo-a como elemento constitutivo da contemporaneidade. Proibir o uso de tecnologias na educação, ao invés de gerar proteção, tende a afastar a escola da realidade vivida pelos estudantes. Bonilla (2005) também ressalta que a integração crítica das tecnologias no cotidiano escolar deve considerar a formação para a autonomia e para a participação cidadã, não apenas o consumo acrítico de ferramentas.
Nesse sentido, não cabe ao professor restringir-se a controlar a forma como os conteúdos são absorvidos, mas sim criar condições para que sejam ressignificados e aplicados na vida prática dos alunos. Como educadores, precisamos buscar equilíbrio no uso das tecnologias, de modo a colocá-las a favor da aprendizagem, e não como um obstáculo. A experiência mostra que, sobretudo com adolescentes, quanto mais proibimos o acesso a determinados recursos, como ChatGPT, inteligência artificial ou aplicativos digitais, maior será o desejo de utilizá-los de forma criativa, muitas vezes escapando ao controle docente. Cabe a nós acompanhar, orientar e integrar criticamente essas ferramentas ao processo educativo, preparando os alunos para uma sociedade em constante transformação.
Referências
· BONILLA, Maria Helena Silveira. Inclusão digital e formação de professores. Salvador: EDUFBA, 2005.
· PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: LTC, 1990.
· PRETTO, Nelson De Luca. Escola nova, mídia nova: o desafio de educar na era digital. Salvador: EDUFBA, 2013.
· @marctawil, [Reels]. [Instagram], 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DLsN3cSsSDs/?igsh=MWtybXllaGxuaGs0MA==. Acesso em: 22 set. 2025.
IMAGEM: Portal Quero Mais Tecnologia



Ótima reflexão! Gostei!
Eu acho essa uma discussão importante. A quem serve a demonização da tecnologia. Um.pontonwue acho bacana refletor também, é sobre a desigualdade de acesso
O texto traz uma provocação importante, a tecnologia estará em nossa vida e precisamos compreende- lá e ser o protagonista no seu uso, seja individualmente ou nas instituições.