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Foto do escritorEquipe Soteroprosa

Oxum Mãe Imaculada: diálogo entre arquétipos da Mãe Divina


Em 8 de dezembro comemora-se em Salvador o dia de Oxum, orixá das religiões de matriz africana. Também sincretizada pela Nossa Senhora da Conceição na religião Católica, é a padroeira dos pescadores e Deusa do Amor. Que tal conhecermos mais sobre os arquétipos de nossa querida Bahia através deste divino feminino representado por Oxum?


Longe dos “pré-conceitos” e medo pelo que não se entende, é importante o conhecimento do desconhecido para não tratá-lo como o “mal”, afinal o único mal realmente existente é a ignorância humana que nos torna agressivos, intolerantes e rígidos demais para estabelecermos diálogos.


É importante que entendamos que nós humanos trazemos símbolos e imagens que se dialogam ao longo dos anos, em culturas diversas. A imagem arquetípica da mãe divina está presente em diversos povos e sempre se repete, seja “pela senhora dos brancos Maria, seja pelos negros Oxum” parafraseando a bela música de Pedro de Saint-Germain. Não à toa sempre relacionado às águas, característica forte do feminino, do yin, da anima, do inconsciente. Águas doces, salgadas, águas calmas, ternas, belas. Características do feminino que todos temos em nós, não estritamente ligada a mulher, mas ao nosso eu terno, adaptativo, produtivo e generoso.


A figura materna está muito ligada a essas características nutridoras tanto pelo alimento quanto pelo afeto, da proteção, do acolhimento e do cuidado. A figura da Grande Mãe já trazido por Carl Gustav Jung e tantos outros especialistas da psicologia e da alquimia, está ligada a imagens como a terra, as árvores, a semente, as águas que contém essas características nutritivas. Portanto, o arquétipo da mãe divina em Oxum vem apresentado pelo amor, pela abundância, pela beleza no sentido estético do que é Belo. A sedução que temos em nós e que nos possibilita atrair tudo que desejamos em nosso íntimo é representado por esse belo feminino, dourado, amoroso, que pela luz ilumina nossas escuridões interiores e nos traz a abundância, pois abrindo as comportas energéticas de nosso corpo, quebra qualquer crença de desmerecimento e pensamentos solidificados da criança não amada, não amamentada, não validada.


Nessa data tão especial para os crentes das religiões de matriz africana, muitas são as giras e os cantos de gratidão. Momento de reconhecer todo cuidado que nos é dado através de nosso planeta, pois o alimento que consumimos vem da terra fértil e da água que nos purifica e nos mantém vivos, vem da chuva, das cascatas e nascentes das cachoeiras. Em diálogo, diversas são as figuras que simbolizam a mãe divina contidas nas religiões indígenas, no cristianismo, nas diversas culturas exibidas em fábulas, contos, lendas, histórias antigas. Lembremos grandes nomes como Afrodite e Deméter na Grécia. Essas figuras revelam uma plenitude arquetípica que remonta a autoridade mágica do feminino, a sabedoria e exaltação espiritual que transcende a razão, todo instinto benigno, tudo que acaricia e sustem que propicia crescimento e fertilidade.


Transpondo a razão e a lógica, a Mãe Divina, como símbolo do inconsciente, emerge como aspectos da transcendência ou de tudo que esteja ligado a uma dimensão espiritual que cura e promove o crescimento humano. Amor incondicional, abundância e prosperidade, nutrição, gestão do novo, generosidade e compaixão são os aspectos das Grandes Mães representadas por essas figuras aqui exibidas e, portanto, por Oxum. Dialogando com o próprio Natal cristão, na figura da Virgem Maria que gera a vida, da criança divina, outro símbolo que posteriormente caberia uma análise, Oxum está intimamente ligada ao que todos nós desejamos nessa data festiva.


Oxum, Maria ou Deméter se apresentam como símbolo do nosso íntimo, da nossa grande mãe interna, independente de nosso sexo, trazendo à tona a necessidade do autocuidado, do auto acolhimento, da auto compaixão no intuito de nos fortalecer, de gerarmos nova vida em nosso interior e de nos tornarmos adultos, nutridos, firmes e capaz de iluminar nossos próprios caminhos; sempre em busca de nossos sonhos e realizações de nossos projetos, sem medo, sem hesitar, convictos de que somos merecedores, de que somos amados e que contemos a centelha divina que nos permitirá viver com sabedoria e em harmonia com o nosso próximo. Pois, somente por este viés seremos capazes de não julgar o outro, pois entenderemos que é apenas uma outra forma de figurar o mesmo, que está em nós e que se espelha em diversas águas com seus formatos e vibrações.


Necessitamos acordar nosso eu divino e materno e acolhermos nossa criança interior, dando-lhe tudo que se acreditou faltar, validando suas qualidades e seu merecimento, entendendo que a única pedra em nosso caminho é posta por nós, que representamos esse mal; e a escuridão que jaz em nosso interior é carente da luz divina de nossa mãe interna.


Chegou o momento do Natal, do nascimento do novo, de sua mãe divina interna te gestar e te renovar. Como está seu auto amor? Sua auto nutrição? Sua auto validação?


Permita-se! Permita que sua mãe Divina, seja ela representada por qualquer arquétipo que creia, ou apenas seu inconsciente vital, generoso e potente em amor, dar-se o que te faltou e que somente cabe a você preencher. Afinal, estamos todos carentes, famintos e desconectados, e precisamos encontrar a nossa cura, um caminho que cabe a você percorrer.


Que o arquétipo da Grande Mãe Divina te nutra, te acolha, te ame e te valide, que mamãe Oxum te traga abundância e amor incondicional, que Deméter te alimente a fim de tornar-se gerador, e que Maria Mãe abra a comporta do novo, porque não cabe mais sustentar estruturas que não fazem mais sentido em sua vida.


Aproveite esse momento para refletir e transformar, pois nada é eterno, apenas a mudança.


Orayéyéô


Link da imagem: https://www.podermagico.com.br/2018/12/oracoes-nossa-senhora-da-conceicao-e-oxum-8-de-dezembro/

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