POR BARRABÁS!
- Everton Nery
- 24 de set.
- 2 min de leitura

Eles gritaram “Barrabás”, e não foi apenas um nome. Foi um grito de alívio por não precisarem encarar o espelho que o outro lhes oferecia. Barrabás era a escolha confortável: o bandido conhecido, previsível, familiar no seu ódio. Jesus, não. Jesus era o abismo. Sua presença desmontava as certezas, revelava a nudez das máscaras, ameaçava dissolver os pactos silenciosos que sustentavam a ordem do mundo.
Séculos depois, outros gritam “Mito”. É o mesmo gesto disfarçado por novas bandeiras. Não gritam por alguém, gritam contra algo: contra a possibilidade de mudança, contra o peso de pensar, contra o vazio que os habita e que alguém ousou nomear. O “Mito” os tranquiliza como Barrabás os tranquilizou: porque não exige consciência, só aplauso; não pede responsabilidade, só obediência; não liberta, mas garante a cela conhecida onde o medo se sente seguro.
Há quem diga que são tempos diferentes. Mas o gesto é o mesmo: expulsar o estranho que revela o nada onde antes se fingia sentido. Trocam a vertigem da liberdade pelo conforto da prisão pintada com as cores da pátria e da moral. Aclamam um salvador para não terem de salvar-se.
No entanto, é no encontro e na palavra que se abre a possibilidade de outra escolha. É quando se sentam à mesa, partilham a dor e o pão, que percebem que o grito pode ser outro. Que a história pode ser recontada por mãos coletivas. Que o medo pode se transformar em coragem quando se descobre que não se caminha só. A libertação não está no ídolo nem no algoz, mas no ato de aprender juntos a criar o mundo de novo, para que ninguém mais precise escolher entre a cruz e o carcereiro.
IMAGEM: Tiktok
A escolha de Barrabás, não é apenas um episódio bíblico, é um padrão humano. O texto nos obriga a encarar o quanto preferimos o conforto da violência conhecida à vertigem da liberdade que Jesus representa. E o mais perturbador é que essa escolha não se dá por ignorância, mas por conveniência.
Nossa, achei o texto bem profundo! Ele faz uma conexão super interessante entre a história bíblica e os comportamentos atuais, mostrando como as pessoas muitas vezes escolhem o caminho “mais fácil” por medo do desconhecido. A parte sobre se sentar à mesa e aprender juntos é bem bonita, dá uma sensação de esperança e de que a mudança real vem da colaboração. É daqueles textos que faz a gente pensar sobre nossas próprias escolhas e sobre como reagimos ao que desafia nossas certezas.
Amei a leitura e a sua reflexão!👏🏽👏🏽
O presente se mostra de suma importância, tendo em vista que faz uma crítica a escolha por líderes dominantes como meio de fugir do medo e da responsabilidade. Nesse viés, o autor trata de forma brilhante a comparação da escolha de Barrabás a exaltação atual do Mito, uma vez que apresenta que os dois simbolizam o desgosto pela mudança, bem como do pensamento crítico
Muito bem escrito! É daquelas reflexões que ficam ecoando depois da leitura.