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QUEM TEM MEDO DA GERAÇÃO Z, DA GERAÇÃO Z, DA GERAÇÃO Z?


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Eles estão em nossa volta, com suas vozes afinadas para falar dos grupos oprimidos, com suas trends de músicas, roupas e estilos de vida, sem papas na língua para cutucar em assuntos delicados, imperativos sobre as condições de trabalho e focados em deixar a saúde mental em dia. A geração Z chegou a sua fase produtiva na sociedade e tem sucedido diversos comportamentos que confrontam as gerações anteriores e, por vezes, causam emoções instantâneas: de raiva por eles parecerem não se importarem muito com os compromissos, a grandes gargalhadas, pelos seus exageros diante das dores da vida. 


Mas, vamos para o começo da história! Do que se trata esse tanto de geração A, B,  C, Z? Essa é uma forma de definir uma cultura, forma de viver e de pensar marcada pelo tempo. Basicamente temos os Baby Boomers, nascidos entre os anos de 1944 e 1964; Geração X, nascidos entre 1965 e 1979; Millennials ou Geração Y, nascidos entre 1980 e 1994 (estou aqui!) e o foco desse texto, a Geração Z, nascidos entre 1995 e 2015. O embate que mais tem sido motivo de polêmicas e discussões são os das pessoas da Geração Y e Z, algo muito maior do que chamar um Millennial de cringe, como saiu nas trends do tiktok. Essas gerações estão convivendo diretamente no trabalho, na família e até no círculo de amigos, onde as divergências se tornam piadas ou motivo de grande preocupação pela enorme diferença de percepção entre elas. 


Eu convivo com muitas pessoas dessa geração Z e entendo que não é nada fácil o constructo cultural que eles foram moldados. Filhos da internet rápida e mais acessível, o jovem adulto dessa geração é bombardeado por muita informação todos os dias, seja pelo conteúdo consumido nas redes sociais, seja pelas conversas contínuas dos aplicativos de mensagem. Ele carrega um mundo inteiro nas costas, com acesso a informações sobre todas as possíveis guerras que estão acontecendo, a pauta do momento para se ter um posicionamento, ao mesmo tempo em que recebe um conteúdo duvidoso sobre uma receita milagrosa para emagrecer ou uma mensagem de alerta de uma nova teoria conspiracionista do governo. Sinto que essa geração está completamente desamparada nesse mar de ideias, notícias e comportamentos, até porque nem mesmo os da minha geração e das anteriores ainda se educou digitalmente para mostrar aos nossos predecessores como se comportar diante dessa atmosfera virtual incessante.


Porém, os que vieram antes, pelo menos, sabiam conviver com a vida sem essa realidade virtual batendo à porta todos os dias. Esse mínimo de memória sobre um mundo onde o ritmo era mais tranquilo já é um alicerce para fazer outras escolhas quando o cérebro está fumegando após muitas horas na frente das telas. Diferente da geração Z, os anteriores sabem bem o que é a aleatoriedade de uma música no rádio, ou caminhar na rua e saber o percurso de cor, ou a exigente paciência que uma propaganda de TV nos dá para esticarmos as pernas e irmos na cozinha pegar um copo de água. Sem essas experiências, os nossos jovens adultos não sabem lidar com o tédio, a monotonia e com as pausas impostas pela realidade. 


E todos estão de olho no comportamento dessa geração, notando que até em demandas básicas de sobrevivência, como arranjar um emprego e seguir uma carreira que sustente suas vidas, eles se mostram ou disruptivos, ou deslocados. Conforme estudo realizado pelo software para currículos ResumeBuilder, mais de 30% dos recrutadores preferem contratar candidatos mais velhos que a Geração Z. E qual motivo para tal preferência? Para eles, esses jovens adultos…


  • Se comportam de forma arrogante (60%);

  • São difíceis de gerir (26%);

  • Não seguem questões de etiqueta simples (contato visual, vestir-se adequadamente para entrevistas, preparar-se para uma conversa, fazer boas perguntas e usar linguagem apropriada no local de trabalho);

  • Contam mais mentiras (21%);

  • Têm menos de ética de trabalho (57%);

  • Possuem dificuldade de se relacionar bem com os colegas de trabalho (22%);

  • Se atrasam para ​o trabalho (34%) e para reuniões (25%).


Essas características não são aleatórias. Dotados de mais informações e cientes de que todo o sacrifício feito por outras gerações não deu em nada, eles assumem uma nova postura sobre a vida e o trabalho, como destaca uma matéria da Forbes sobre o que a geração quer que seus chefes saibam sobre eles. De fato, a “Geração Z quer um trabalho significativo, com propósito, mas não está disposta a sacrificar sua saúde física e mental para que outra pessoa fique rica enquanto eles mal conseguem pagar o aluguel”, diz a matéria. Acho que esse é um motivo legítimo, porém, a displicência no ambiente profissional não dará as soluções para esse dilema e ainda pode criar vários problemas desnecessários entre os colegas de trabalho. 


Eis aí o principal desafio! Em nome de autenticidade e autocuidado, os jovens adultos dessa geração se comportam com pouco comprometimento ou criando vários impedimentos para qualquer mínima movimentação diferente do que já conhecem. Sendo nativos digitais, eles preferem sempre os caminhos mais curtos e intuitivos para conseguir o que querem, ao ponto de acessarem as redes sociais para fazer pesquisas de faculdade, não saberem utilizar um computador, por falta de um repertório básico em informática, e estudarem ou escreverem textos através de mecanismos de IA, como o ChatGPT. 


Essa mistura de alta velocidade com disrupção ao consistente criou esse desajuste que está fazendo a minha geração penar para lidar com a geração Z. Dentro da minha observação, acho que são necessários movimentos dos dois lados. Da nossa parte, precisamos entender a conjuntura mental em que esses jovens adultos estão se formando e apresentar a eles outras experiências, inclusive sensoriais, sobre como lidar, por exemplo, com nossa curiosidade. Se para eles, a única forma de responder uma pergunta é clicando na tela do celular, podemos demonstrar o que é estar em uma biblioteca, ou o que significa perguntar a alguém próximo, especialista na área da pergunta, ou até a possibilidade de parar para pensar um pouco, antes de ter uma resposta imediata. 


Para a geração Z, cabe segurar o freio da empolgação, e até de certa arrogância, que o excesso de informações nos causa. Eles precisam aceitar que deter uma idéia sobre algo não implica entender aquilo de verdade. Por exemplo, uma sequência de vídeos do Tiktok sobre pessoas que se sentiram lesionadas em ambientes tóxicos do trabalho não implica que uma repreensão de seu superior por um motivo correto (e que lhe causa vergonha) significa que você terá o mesmo destino dos relatos da internet. O mundo virtual é um recorte calculado da realidade. Experienciar a vida depende de vivenciar o bom ou o ruim segundo a sua ótica, sem necessariamente se ater a fazer parte de algo do coletivo, como um tipo de doença mental, transtorno social, ou tendência emocional. 


Por fim, eu confio plenamente em um espaço de cooperação entre as gerações, através de uma escuta ativa e da empatia sobre o lugar do outro em uma realidade que talvez seja bastante distante do que experienciamos. Por isso, faço o convite para você, leitor da geração Z, de bater um bom papo com alguém de outra geração e, claro, convido também meus colegas geracionais a prestar mais atenção no que esses jovens adultos têm a dizer sobre o mundo. Folgando um pouquinho, aqui e ali, quem sabe, diminuímos as mazelas dos confrontos e nos alinhamos em nome de uma vida melhor e mais feliz para todos. 


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