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SOBRE A CONSCIÊNCIA DA MORTE NUMA PERSPECTIVA BÍBLICA - PARTE 1


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Esta semana tive um bloqueio no coração e quase faço a travessia do Rio Lethe. Vários anjos do Senhor estiveram comigo desde o Anjo Rafael, o Anjo Amor, o Anjo Irmão, passando pelo Anjo denominado Ciência e todos os seus companheiros e companheiras, Cuidado, Cura, Sabedoria, Humildade, Responsabilidade, Coragem e Honestidade. Implantei um marca-passo e continuei por aqui, desse lado do Rio, assim não fiz a travessia.


Foi nesse contexto que me coloquei a pensar sobre a consciência da morte e dividi a minha reflexão em duas partes. Nesta primeira parte, quero comentar um versículo muito especial, que está em Eclesiastes 9:5: "Porque os vivos sabem que há de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensados, porque a sua memória já não é esquecimento."


Aqui percebemos a consciência da morte pelos vivos, pois a primeira parte do versículo afirma: "Os vivos sabem que há de morrer." Essa afirmação reflete uma realidade universal: a consciência humana da morte. Diferentemente dos animais, os seres humanos possuem um senso existencial de finitude, o que gera reflexão sobre a vida, o propósito e o que acontece após a morte. Na literatura sapiencial bíblica, especialmente em Eclesiastes, a ênfase está na efemeridade da vida. Essa consciência pode levar a diferentes atitudes: desespero - Quando se vê a morte como um fim absoluto (Eclesiastes 2:17); sabedoria – Quando se entende que a vida deve ser bem aproveitada diante de sua brevidade (Eclesiastes 9:7-9). Entendemos que o autor de Eclesiastes destaca que a única certeza da vida é a morte, e essa consciência diferencia os vivos dos mortos.


Já a segunda parte do versículo declara: "Mas os mortos não sabem coisa nenhuma." Essa expressão levanta debates teológicos e interpretações diferentes. O contexto de Eclesiastes sugere que do ponto de vista humano, os mortos não têm mais influência, não participam da vida, e sua existência na terra se extinguiu.


No contexto da literatura sapiencial e do pensamento hebraico, especialmente no Antigo Testamento, a morte era vista como um estado de inatividade no Sheol (o mundo dos mortos). O Salmo 115:17 expressa um pensamento semelhante: "Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio."


A última parte do versículo reforça o ponto: "Nem tampouco haja eles recompensados, porque a sua memória já não é esquecimento." Isso sugere que, do ponto de vista terreno, os mortos são esquecidos ao longo do tempo. Suas posses, realizações e status já não têm mais valor para eles. Isso reforça o pensamento de que a vida deve ser aproveitada enquanto há tempo.


Isso ecoa outros versículos da Bíblia: Jó 14:10-12 – "O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem, e onde está? [...] Assim o homem se deita e não se levanta." Eclesiastes 9:10 – “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conformar as tuas forças, porque, na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria.”


Meu caro amigo, minha cara amiga, há verdades que chegam até nós como sussurros antigos, carregados de mistério e peso. A primeira delas é esta: enquanto respiramos, temos consciência da morte, sentimos sua sombra no horizonte, e dessa presença nasce ora a angústia, ora a sabedoria, tal como quem aprende a dançar com a finitude. Depois, quando o sopro se desfaz e partimos deste mundo, já não nos cabe mais lugar entre os vivos; seremos silêncio, e a memória que hoje nos sustenta também se dissolve, como rastros na areia que a maré leva embora. Toda influência, toda marca, pouco a pouco se apaga, até que reste apenas o vento a contar histórias sem dono. É por isso que o encontro verdadeiro se dá no agora, neste instante breve que pulsa entre um coração e outro. Quanto ao depois... ah, o depois não nos pertence, pois sem consciência não há encontro, não há espera. Só o presente nos habita; só o agora é eterno. Isso tudo tendo em perspectiva de Eclesiastes 9.5.


Escreverei sobre outra perspectiva em um próximo texto, pois será uma oportunidade singular e complexa, pois nada ainda acabou!


Um xêro no coração!

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