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17 DE MAIO – DIA INTERNACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA: resistir é existir



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No dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu um passo histórico e importante ao retirar a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). A partir dessa tomada de decisão, nasce o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia — uma data que carrega em si não apenas memória, mas resistência.


Celebrada mundialmente, essa data marca a luta contra todas as formas de violência, exclusão e discriminação contra às pessoas LGBTQIAPN+. E quando falamos de violência, não nos referimos apenas à física — ainda que ela seja a mais alarmante e mais noticiada nas páginas dos jornais — mas também à simbólica, institucional, psicológica, familiar e estrutural.


Em muitos países, a homossexualidade ainda é criminalizada, mas em outros, embora exista um arcabouço jurídico protetor, as pessoas LGBTQIAPN+ continuam sendo alvo de violência. 


No Brasil, uma pessoa LGBTQIAPN+ é vítima de morte violenta a cada 18 horas. O país segue liderando, pelo 16º ano consecutivo, o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans e travestis — foram 122 mortes registradas no ano de 2024. Embora os dados recentes apontem uma leve redução, os índices ainda assustam e evidenciam a urgência de políticas públicas efetivas de proteção e inclusão.


Portanto, em um país que é considerado o que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, combater a LGBTfobia é uma urgência coletiva. É enfrentar o silêncio cúmplice da sociedade, o descaso do Estado e as estruturas de poder que insistem em definir o que é ou não "normal", "aceitável" ou "digno". É romper com o ciclo de opressão que se alimenta da ignorância e se perpetua em políticas públicas insuficientes, discursos religiosos fundamentalistas e práticas cotidianas de exclusão.


Ser LGBTQIAPN+ no Brasil é, frequentemente, um exercício diário de sobrevivência. É se proteger dentro da própria casa, ser alvo de piadas no ambiente de trabalho, é se deparar com a reprovação da sociedade por simplesmente existir fora das caixinhas impostas pela cis-heteronormatividade. É ter medo de andar de mãos dadas, de se vestir como se quer, de ocupar espaços públicos e privados. É lutar para ter direito à educação, à saúde, à moradia, ao afeto, algo que é inclusive previsto na Constituição Federal e garantido por ela a todas as pessoas sem qualquer tipo de distinção.


E mesmo assim, com tantos obstáculos, a luta continua. Ocupar as universidades, escrever livros, fazer ciência, liderar movimentos sociais, criar arte, cuidar de nossas comunidades, reinventar a linguagem e os afetos, são os instrumentos dessa luta incessante e diária. Porque cada corpo LGBTQIAPN+ é uma afirmação da diversidade humana, um desafio ao conservadorismo e uma semente de transformação.


O combate à LGBTfobia precisa ser coletivo. Não é suficiente apenas “tolerar” ou até mesmo dizer que “tenho alguns amigos (as) que são” — é preciso reconhecer, respeitar, proteger e garantir os direitos de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, orientação sexual ou expressão de gênero.


A escola precisa ser um espaço seguro para estudantes LGBTQIAPN+. O sistema de justiça deve garantir igualdade de tratamento e não reproduzir preconceitos. A mídia deve abandonar estereótipos nocivos e dar voz às vivências reais. E, principalmente, o Estado precisa assumir sua responsabilidade: promover políticas públicas efetivas, assegurar acesso à cidadania plena, criminalizar a violência de ódio e fomentar uma cultura de paz e inclusão.


Comemorar o dia 17 de maio vai além das postagens de apoio nas redes sociais. É também se comprometer com a transformação do presente e do futuro. É ouvir, aprender, acolher e se posicionar. É se perguntar: o que posso fazer para tornar meu espaço mais inclusivo? Como posso apoiar e amplificar vozes LGBTQIAP+? Como posso ser parte ativa da construção de um mundo onde ninguém precise esconder quem é para viver em paz?


Neste 17 de maio, o maior presente é ver cada vez mais pessoas se juntando às vozes que ecoam por liberdade, respeito e justiça. Acreditr que a diversidade é riqueza, e que cada vida LGBTQIAP+ importa, resiste, brilha e transforma. É também reafirmar o compromisso com os direitos humanos, com a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e com a valorização da pluralidade de existências.


Porque enquanto houver preconceito, haverá luta.

E enquanto houver luta, haverá esperança.


REFERÊNCIAS:

 

G1. Dia Internacional contra a Homofobia: qual é a situação dos direitos LGBTQIA+ no mundo. Globo, 17 maio 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/05/17/dia-internacional-contra-a-homofobia-qual-e-a-situacao-dos-direitos-lgbtqia-no-mundo.ghtml. Acesso em: 18 maio 2025.


IMAGEM: Sismmac

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