
O Brasil parou por algumas horas para pensar, refletir, analisar e escrever sobre a educação voltada para surdos . Sim, esse foi o tema proposto pelo MEC (Ministério da Educação) para a redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). A temática sobre educação no nosso país já é emblemática e, sendo voltada para uma parcela da sociedade que vive numa total invisibilidade, já fica mais difícil.
O país tem 24% da população brasileira com algum tipo de deficiência (segundo o IBGE), ou seja, 45 milhões de pessoas . Desse quantitativo, 10 milhões são de surdos. Essa parcela enfrenta diversos problemas de acesso nos mais variados setores da sociedade: educação, saúde, mercado de trabalho, lazer, cultura, dentre outros.
A comunidade surda só conseguiu o reconhecimento de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) como a segunda língua oficial do País, em 2002, por meio da sanção da Lei nº10.436. Porém, 15 anos já se passaram e esse mérito ainda continua no papel. O nosso processo educacional ainda não incorporou na grade escolar a nossa segunda língua, havendo um total desconhecimento dessa forma de comunicação, que faz parte de uma das dimensões da acessibilidade, a comunicacional.
O profissional de Libras tem que saber traduzir e interpretar textos e falas em diversos momentos. É uma profissão com pouca demanda, pois não existe uma conscientização da importância dessa linguagem no nosso cotidiano.
O ENEM abriu a possibilidade de um debate de como a nossa educação não está preparada para essa questão. Os professores de todo o Brasil perceberam a carência de informações sobre essa área, e questionaram sobre a especificidade do tema. Alguns discordaram dessa escolha do MEC! A verdade é que o estopim gerou um certo rebuliço no país.
As pessoas com deficiência se sentiram contemplados em ter um tema pertinente à nossa realidade levado à opinião pública, pois essa parcela da população vive na invisibilidade. Por outro lado, a repercussão também foi importante para provocar a juventude, abrindo o olhar para "o outro”: o reconhecimento e respeito ao DIFERENTE, e as diversas formas de comunicação que dispomos para o nosso dia-a-dia. Portanto, o ocorrido demonstra que os nossos profissionais da área de Educação precisam se reinventar para receber esse público que também quer ocupar o seu lugar na sociedade brasileira.
Autora: Ninfa Cunha. Relações Públicas
Gestora do Espaço Xisto Bahia
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Fontes:
https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/10-milhoes-surdos-brasil-site-esta-pronto-para-eles/
https://g1.globo.com/educacao/enem/2017/noticia/tema-da-redacao-do-enem-2017-fala-sobre-a-educacao-de-surdos-no-brasil.ghtml
https://g1.globo.com/educacao/enem/2017/noticia/redacao-do-enem-especialistas-em-educacao-de-surdos-sugerem-argumentos-para-o-texto.ghtml
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-45-6-milhoes-de-deficientes,893424
Imagem:
https://tutores.com.br/blog/o-papel-da-linguagem-na-educacao-dos-deficientes-auditivos/