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As redes sociais e a fronteira entre o real e o virtual


Recentemente circulou pela internet uma matéria da BBC sobre celebridades do Instagram que não existem na vida real. As supostas modelos são criações virtuais de designers, que são os responsáveis por administrar as redes sociais de suas criações, dando a elas, mais do que um rosto (bonito e desejável), uma personalidade. Tal descoberta traz à tona mais uma vez um questionamento pertinente: o que nos tornamos enquanto sociedade e enquanto indivíduos dependentes do virtual para nos colocarmos perante o mundo?


Não é novidade para ninguém a influência cada vez maior que as redes sociais operam na forma como nos relacionamos e existimos para o outro. Essa tendência de criar personas, inclusive, não é nova, e empresas como Netflix e Ponto Frio utilizam disso de maneira muito eficiente no Twitter. A equipe de social media das empresas conseguiu transformar algo impessoal e frio como uma marca em “alguém” com quem os internautas interagem. Os perfis ganharam uma “voz” própria, o que explica fazerem tanto sucesso entre os usuários da rede social. A diferença é que aqui fica claro que é um objetivo de marketing; ninguém está sendo ludibriado.


O que o exemplo mencionado pela BBC mostra é o extremo de como utilizamos o virtual, uma vez que não dá para dizer que mostramos fielmente quem somos fora desse ambiente. Os famosos filtros aplicados nas fotos são um exemplo banal do nosso desejo de mascarar a realidade de forma a torná-la mais apresentável. E isso está presente em cada ação que tomamos na internet. Criamos personas de nós mesmas, apresentamos ao mundo aquilo que achamos mais interessante. Tal comportamento, inclusive, pode variar de uma rede social para outra: o modo de agir no Twitter é diferente do comportamento no Instagram, por exemplo; cada rede cumpre um papel e mostra parte de quem nós somos, mas nunca nosso inteiro.


Essa “proteção” não é negativa em si, até mesmo porque um excesso de exposição nos torna vulneráveis, afinal, não temos como controlar a quem nossa mensagem vai alcançar. Os diversos vídeos e posts virais estão aí para provar isso. O grande problema do virtual é quando ele se torna nossa única forma de nos mostrarmos. Corremos o risco de esquecermos que somos mais que um perfil em uma rede.


Pode parecer alarmista colocado dessa forma, mas é um ponto que precisa ser discutido e refletido com frequência. É necessário encontrar um equilíbrio saudável nessa balança, para que a experiência online possa ser a mais proveitosa possível. Esse texto não é para demonizar a internet, mas para que sirva de alerta de que o problema não está na plataforma em si, mas na maneira que a utilizamos.


A busca da aceitação é comum a todos; quem não quer se sentir pertencente a uma comunidade, a um grupo? Porém, não dá para achar que vale tudo para isso. Nossa autoestima precisa ir além de número de seguidores, likes e compartilhamentos. Somos mais que isso.


O que não é saudável é defender e divulgar um estilo de vida insustentável e mentiroso com o intuito de angariar mais fãs, de ser aceita. Isso não é apenas questionável, mas perigoso, vide blogueiras fitness sem formação profissional na área dando dicas de nutrição como se houvesse uma fórmula pronta. Ou até mesmo aquelas que pregam que vale tudo pela perda de peso e escondem que sofrem de transtornos alimentares.


É essencial ponderarmos e aprendermos a sermos críticas daquilo que temos acesso e também analisarmos de que forma contribuímos, mesmo sem querer, com um ciclo de mentiras doentias.


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