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Rebeldia e criatividade


Ser rebelde em um país como o Brasil, palco de lutas e resistências silenciadas ao longo de sua história é ainda hoje inusitado. Da colônia à contemporaneidade houveram dezenas de manifestações de norte a sul do país, com abordagens e causas diversas. Não se pode consentir que os brasileiros ainda sejam considerados apáticos citadinos bestializados, incapazes de insurgir-se contra um sistema imposto. Ao longo da história sempre houve uma demasiada resistência contra as arbitrariedades do sistema cometidas pelos que temporariamente detém o poder. Cada uma das manifestações de ordem popular comprova que as revoltas aconteceram de modo dinâmico, ativo e constante. Insurreições trajadas de rebeldia: cabanos, malês, canudenses, estudantes, incansáveis à sua época, em um dado contexto histórico.


Eventos ou manifestações de resistência oxigenam o espírito revolucionário e possibilitam a troca de experiências com atores viventes nos mais diversos contextos e territórios. Protagonistas intuitivamente provocados por meio de atividades, temáticas e debates que estimulam o fortalecimento da democracia, o exercício de cidadania, a consolidação das redes de solidariedade, e a troca de saberes, contrariando por sua vez o que está convencionalmente estabelecido pelos países centrais em sua política colonial, patriarcal e linear.


Todo ser humano tem o direito a viver bem, tendo assegurado os direitos e garantias fundamentais para a existência digna em sociedade. Diante da violação de direitos frutos de uma negação política em detrimento de outra, que por vezes não beneficia a coletividade e sim um grupo reduzido de interessados, é necessário resistência e criatividade para criar outra via possível, outra oportunidade de enxergar segundo um tipo de experiência humana, reinventando-se a cada novo período, respondendo localmente aos dilemas vividos localmente. As demandas contemporâneas com os dilemas e complexidades que lhes cabe, não podem ser resolvidas com o que fora experimentado no passado, na época da colônia, da república ou ainda em um período onde a liberdade de expressão fora cerceada.


A “nova” e já antiga ideia de sociedade, sofre com o ataque das forças conservadoras, não compreendendo e representando a diversidade e anseios da maioria da população. Quanto menos democrático é um país e suas instituições, maior é a fissura entre os seus compatriotas. Quanto mais fragilizada uma região maior poder de manipulação sobre ela. Quanto importa essa luta? Quanto importa aprender com o conhecimento que nasce da fissura?


Sem dúvida importa a superação da crise que vivemos hoje. O sentimento de coletivo, de grupo, comunidade, é um meio importante para a construção de uma realidade que precisa ir além de todas as fronteiras.


A luta exige entrelaçamento contínuo e unidade em toda compreensão axiológica da palavra. Um tanto de rebeldia e criatividade podem trazer mais cedo do que se imagina a sensação de vivermos sobre a égide de tantos saberes e de uma cultura vasta e dialógica, capaz de responder aos anseios suscitados das entranhas desse povo diverso e multicultural.


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