Pra quem diz que a arte não é necessária, eu faço a seguinte pergunta: O que é que está te ajudando a segurar a onda nesse momento de isolamento? Tulipa Negra deixa aqui essa pergunta pra você mesmo responder por que hoje venho falar de uma das minhas paixões: O Cinema... Ou melhor Cinematografia: Palavra de origem grega composta pelo prefixo κίνημα (Kinema) que significa "movimentos" e do sufixo γράφειν (graphein)"registrar". Taí seu significado que vai muito mais além do que entretenimento. O Cinema registra contextos históricos, registra movimentos e tendências de uma sociedade. É um sentir. Por isso a importância de não só produzir filmes que sejam simplesmente para entreter e para rentabilidade. Até porque cinema é arte. E arte é expressão, é provocação.
Sendo Hollywood referência dentro da indústria cinematográfica mundial, hoje em dia, se percebe um contexto muito mais plural e diversificado com a consolidação da sétima arte em outros países como Nollywood na Nigéria, Chinawood e Bollywood. E convenhamos as novas tecnologias proporcionou uma pluralidade na distribuição.
Ultimamente tenho prestado muita atenção nas produções cinematográficas indianas. Ainda que o mercado do cinema estadunidense seja o maior em relação a receita e poder, dentro do viés da quantidade é a Índia que sobe no pódio com cerca de 1200 filmes produzidos ao ano.
Fora da Índia, Bollywood é sinônimo de “cinema indiano”, mas, a real, é que essa denominação se refere ao cinema produzido em língua hindi na região de Mumbai. O cine deste país asiático apresenta um leque de possibilidades sendo categorizado de acordo com a língua em que são distribuídos e a região onde é produzido. Índia também tem Tollywood - o da língua bengali, o Mollywood – os filmes produzidos na região de Madras, o Lollywood filmados em Lahore, Kollywood em Karachi e também o chamado Novo Cinema Indiano.
É muito fácil os filmes indianos durarem três horas. Em muitos casos em um único filme se identifica abordagem de até três gêneros ao mesmo tempo. Tem romance, comédia, ação e suspense em um único filme. A música e a dança é uma marca do cinema indiano. Eles são especialistas em musicais. Um dado muito curioso é a ausência de cenas de beijos, de sexo então, nem se fala. Isso vai em contraposição ao cinema brasileiro que aborda a sexualidade de forma bastante natural. A ausência de beijos e cenas de sexo acontece devido a que a Índia possui um dos mais rígidos conselhos de censura de filmes no mundo o Central Board of Film Certification. Daí os criadores abordarem cenas de beijo e de sexo através das simbologias, uma maneira bem interessante de trabalhar a criatividade. Porém, cada vez mais se percebe que a censura está aos poucos sendo colocada para escanteio e os filmes indianos começam a tratar a sexualidade com muito mais naturalidade. A Índia venera seus atores como se fossem deuses, destaco aqui Aarmi Khan, que protagonizou o filme Lagaan, uma das produções indianas mais importantes, record em bilheteria.
Mas porque o cinema indiano é muito forte? Porque durante praticamente todo o século XX, a única forma de entretenimento da população foi o cinema. Lá existem salas com capacidade de até três mil pessoas. O Indiano tem o costume de ir ao cinema e de assistir o filme do seu país. No país existe uma regulação onde o cinema estadunidense e de outros países só pode atingir só 10% das cotas de salas. Aprende Brasil. Além disso a Diáspora Indiana em países como EUA, Grã Bretanha, África do Sul e Oriente Médio , ávida por consumir o cine da sua terra de origem, facilita a distribuição internacional. Além do mais o mercado cinematográfico indiano alcança os países vizinhos em que se fala ou entende hindi como o Paquistão, Bangladesh, Siri Lanka e Malásia.
Bom, na verdade, tudo isso que eu escrevi antes foi para falar de uma cineasta indiana pela qual sou fã, a Shonali Bose. Diretora, roteirista e produtora, seus filmes já ganharam mais de 40 prêmios internacionais. Adepta ao cinema narrativo, trata de temas complexos com muita força e sensibilidade. Seus filmes são bastante emotivos, mas ao mesmo tempo muito leves. Ela usa o humor com maestria. Em suas produções se destaca a presença de protagonistas femininas. Mulheres fortes, independentes, que estão fora dos padrões. Margarita com Canudinho, um dos meus filmes preferidos, é uma homenagem da cineasta à sua irmã, uma ativista dos direitos dos portadores de necessidades especiais. O filme conta a trajetória de uma jovem indiana com paralisia cerebral que decide estudar em Nova York. Em sua última produção, The Sky is Pink, outra obra-prima, Bose canalizou uma tragédia pessoal, a morte de seu filho e o fim do seu matrimônio, para contar a história de amor de Niren e Aditi Chaudhary contada através da perspectiva de sua filha, Aisha Chaudhary, uma jovem escritora indiana e palestrante motivacional, autora do livro My Little Epifhanies , publicado um dia antes de sua morte.
Não tenho nada contra a estrutura Bollywoodiana com suas cores, seus brilhos, suas danças e suas comédias românticas. Na verdade os filmes de Bollywood me divertem muito. Mas a verdade é que Shonali Bose rompe com o imaginário estereotipado do que é um filme indiano e, apesar de tratar de temas bastante sensíveis, ela não cai na tristeza criando personagens divertidos e cheios de vida. Estou totalmente de acordo com o ator indiano Aamir Khan, ao assistir Margarita com Canudinho ele diz que Shonali te faz rir, chorar e te obriga a pensar.
E você já escolheu que filme vai embalar sua noite? Taí duas boas sugestões: Margarita com Canudinho e The Sky is Pink.
Diário de Bollywood, Curiosidades e segredos da maior indústria de cinema do mundo de Franthiesco Ballerini. Editora Abril
http://www.masaladabbaindia.es/2015/03/margarita-con-una-pajita-una-pelicula.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Shonali_Bose
https://www.nacion.com/viva/cine/margarita-with-the-straw-una-sacudida-al-paradigma-bollywoodense/2MZIKOCOKFD2PFRMCAHBG2FHHA/story/
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